
Suponho que quase todas as pessoas que leiam este blogue estejam bem conscientes dos efeitos do álcool no organismo das pessoas. Desde sempre que somos bombardeados acerca dos efeitos e malefícios a curto e a longo prazo do consumo de álcool. Eu pessoalmente gosto muito da minha vodka, seja numa kaipiroska ou numa poncha e gosto muito de me sentir "alterado", até atingir aquele ponto em que o simples facto de falarem connosco parecer uma anedota à qual não conseguimos evitar o riso. Já passei até por alguns momentos em que o álcool me fez regurgitar o jantar e uma ou duas em que fiquei momentaneamente "toldado" pelo exagero de bebida. Já tive de aturar bebedeiras alheias, mesmo avisando de antemão que não estava disponível para tratar de cenas decadentes previamente planeadas. Já vi beber para esquecer e senti essas pessoas completamente desnorteadas de tal forma que resolveram enganar-se a si próprias por algumas horas de modo a adiar o inadiável. Já vi quem precise desse estímulo para conseguir "divertir-se" ou pelo menos soltar um pouco a franga. Já vi quem chorasse por vergonha das bebedeiras das pessoas que mais ama. Já vi pessoas sofrer, não por beber, mas por serem vítimas dos alcoolizados.
Mas uma coisa não consigo entender. Não me entra na cabecinha como alguém pode culpar o álcool por alguma coisa que tenha dito ou feito. Não entendo que pessoas informadas justifiquem os seus actos com os copos a mais que bebeu. As pessoas sabem isso. Não perdoo alguém que me justifique actos desta forma. E pior de tudo é estar completamente sóbrio perante essas pessoas iluminadas. Julgo nunca ter afectado alguém nas minhas incursões alcoólicas, mas sei que nesses momentos estou mais sujeito a fazer asneiradas que sem o álcool jamais faria. Ainda assim penso que consigo ter uma inconsciência consciente que até o momento me impediu de magoar outras pessoas e de me magoar a mim próprio.
Foi um desabafo de um sóbrio incomodado.
(foto: Corbis)