Quer dizer, acho que iria gostar. Deve ser uma imagem gira andar a saltar pocinhas nas ruas de Paris e depois abrigar-me da chuva numa pastelaria cheia de bolos e chocolates e ver-me obrigado a tomar um chocolate quente numa chávena gigantesca enquanto olho para a rua através do vidro a ver as pessoas a se atropelarem entre guarda-chuvas. Para já fico contente por estar nas minhas águas furtadas a ouvir novamente a chuva a bater vigorosamente no telhado, um pouco receoso que volte a pingar dentro de casa, mas para já, contente. Sendo que ainda não tenho cortina do banho não me parece que o dilúvio fosse muito diferente. Aliás, cada vez que tomo banho penso em como daria jeito uma arca tipo a do Noé para poder atravessar a casa-de-banho de uma ponta à outra (como-se-ela-fosse-assim-tão-grande-mas-pronto-era-só-para-ter-mais-qualquer-coisa-para-escrever). Não sei bem se tinha saudades deste tempo, na verdade acho que tenho reclamado injustamente com o São Pedro. Queixei-me do Inverno rigorosíssimo que nos assolou há uns meses atrás e ele respondeu-me com um Verão escaldantemente ridículo, digo eu, que moro neste último andar que pelos vistos não tem direito a estações intermédias. Não ter ar condicionado foi mau, mas não ter aquecedor não me parece melhor. O que me parece bem é a proximidade daqueles dias frios e de chuva acompanhados por cobertores, almofadas, um bom filme, chocolates e pipocas. Está na hora de começar a desempoeirar os casacos e os guarda-chuvas, na hora de tomar chá quente com os amigos pela noite fora, na hora de ter alguém para dormir abraçado, se bem que isso é bom em qualquer altura do calendário.
Não, não vou a Paris em breve. Mas irei provar o Outono de Berlim muito em breve!