Por entre vodkas roubadas e músicas repetitivas, ganha-se alento, entusiasmados com os "SIM, always" que se debruçam do telemóvel. Olha-se em volta na esperança de trocas de olhares subtis que não acontecem. Multiplicam-se as questões indiscretas e as revelações destemidas para que 24 horas depois pudéssemos estar no mesmo lugar, à mesma hora. O local pouco importa e a aleatoriedade dos relógios indicou novos lugares, com um ligeiro atraso do ponteiro dos minutos. Trocámos ideias. A cautela e tranquilidade de uns contrastou com a euforia e libertinagem de outros, resultando num equilíbrio homeostático apetecível.
O dia seguinte traria novos desenvolvimentos, e a imprevisibilidade de uma noite que se julgava adormecida proporcionou um festim de desconhecidos. A energia emanada pelas pontas dos dedos que se tocavam quase constantemente acalentaram os momentos acinzentados de alguns e despertaram êxtases dormentes. Juntos, libertámos as amarras do corpo e juntámo-nos como nunca pensaríamos ser possível, dançando sem olhar para os ponteiros desalinhados. A bondade de outros encaminhou-nos para festas privadas, fazendo-nos sentir os donos do mundo durante aquela noite. Brindámos à noite, à praia e às novas amizades e vimos nascer o sol, o mais belo nascer do sol que poderíamos ter desejado. Por entre confissões sinceras e grãos de areia entranhados na roupa, deixámo-nos aquecer pelos raios de sol, primeiro tímidos, depois desinibidos, desejando que o calor permanecesse mais um pouco. Ali. E tudo isso valeu mais que um beijo roubado que nunca aconteceu.