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sexta-feira, janeiro 22, 2010


"He who teaches children
learns more than they do"

German Proverb



A Girl with a Watering Can, 1876
Pierre Auguste Renoir
National Gallery of Art, Washington D.C.

terça-feira, setembro 22, 2009

Coração Reciclado


Meticulosamente, penteava o cabelo com gel todas as manhãs, entre um bocejo e uma dentada na torrada com manteiga. Não ousava sair com qualquer cabelo fora do sítio certo, apesar de dizer que pouco se importava com o que os outros pensavam acerca disso. Portanto preferia dizer que era para seu satisfação pessoal. Era mais um dia como tantos outros, que começava impreterivelmente bem. Não havia dia que chegasse à escola e levasse consigo a discussão do dia anterior que tanta mossa fizera. Tinha um coração reciclável, afinal de contas, era criança, requisito suficiente para não ter de se preocupar com todos os males do mundo. Com o seu dia organizado, mantinha uma rotina infalível de modo a ter tempo para brincar com os amigos ao final do dia. Embirravam e discutiam muitas vezes, por vezes até ficavam o resto do dia sem falar uns com os outros. Eram crianças.

À noite, enquanto as suas avózinhas rezavam por ele, caía como uma pedra na cama com um sorriso na cara com o qual acordaria no dia seguinte.

Com o coração e uma ingenuidade renovadas.




© Illustration Works/Corbis

domingo, janeiro 27, 2008

O Prometido é Devido


Naquele trilho secreto

Com palavras santo e senha

Eu fui lingua e tu dialecto

Eu fui lume e tu foste lenha


Fomos guerras e aliancas

Tratados de paz e péssangas

Fomos sardas pele e trancas

Popeline seda e ganga


Recordo aquele acordo

Bem claro e assumido

Eu trepava um eucalipto

E tu tiravas o vestido

Dessa vez tu nao cumpriste

E faltaste ao prometido

Eu fiquei sentido e triste

Olha que isso nao se faz


Disseste que se eu fosse audaz

Tu tiravas o vestido

O prometido é devido

Rompi eu as minhas calcas

Esfolei maos e joelhos

E tu reduziste o acordo

A um montao de cacos velhos

Eu que vinha de tao longe

do outro lado da rua

Fazia o que tu quisesses

Só para te poder ver nua


Quero ja os almanaques

Do fantasma e do patinhas

Os falcões e os mandrakes

Tao cedo nao teras novas minhas

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Meravigliosa Creatura



Rodopias num tapete de retalhos primaveris, quentes e frescos com os olhos fechados. Dizem que é da forma que sentes as coisas com maior intensidade e tu, melhor que ninguém, sabes disso. Trepas árvores como fazias em criança e enroscas-te nos ramos que te embalam enquanto observas as flores que desabrocham augurando uma estação luxuriante. Os ténues raios de sol aquecem-te a face e deixas escapar um sorriso fugidio, malandro. Sentes-te renovado, revigorado. Já não te sentias assim desde aquele dia em que foste passear de bicicleta ao final da tarde e que comeste aquele gelado que te deixou a boca e a roupa lambuzada.


Trauteias canções numa língua que desconheces e mesmo não sabendo a letra sabes que são bonitas. Transportam-te para outro nível, para um sítio onde abundam castelos que pintalgam as florestas, castelos com princesas de brincos de pérola e fontes de águas translúcidas repletas de nenúfares.


Levas debaixo do braço um livro com páginas amareladas pelo tempo, aquele que nunca te cansas de ler pois encontras sempre algo novo na poesia das palavras meticulosamente agrupadas. Como se fosse a primeira vez.


Rejubilas por te sentires com 7 singelos anos, saltas rochedos, abraças árvores e tropeças em raízes o que te faz libertar gargalhadas despreocupadas mesmo que tenhas ficado todo enlameado.


Só não sabes o caminho para casa. E por isso vais percorrendo os trilhos que escolhes aleatoriamente. Não te preocupas seriamente. Hás-de lá chegar.



The Tree of Life,

Gustav Klimt