Flashback

Mais um ano terminou… Porque dá uma vontade incontrolável de soltar uma lágrima, não sei. Mas é crónico. Olha-se para a colina na esperança de ver o ano mudar, como todos os anos. E vejo como sempre, após vários minutos de fixação nos 4 dígitos. O nó na garganta, do peso de mais um ano que termina torna-se praticamente indestrutível nos minutos que se seguem. Os foguetes estalam e as cores iluminam o céu. E como se a mente fizesse um “rewind”, recordo-me de pequenos momentos que fizeram toda a diferença. Flashbacks instantâneos aleatórios. A primeira sms trocada, estava eu no Lobo Marinho, recordando o melhor de 2005, a cara de surpresa da Sofia quando aparecemos em Lisboa para festejar o seu aniversário, aquele karaoke com a música das “Doce” em pleno Bairro Alto, a flor que a Sofia me deu e que esqueci na casa da outra Sofia lá em Lisboa, o momento em que pegam no meu nariz de Miss Piggy, puxam o elástico e o largam, o Jack a cantar o “Better together”, a aula de citogenética, o primeiro olhar à Maria e as trocas de mensagens dentro da sala, o abraço à Thaís que me fez chorar um oceano, a último golpe de vista à Grazi enquanto o táxi me levava, a cambalhota com a bicicleta a descer até à Prainha, a folha A4 tirada de dentro da camisa a meio de um exame, o folclore catastrófico no exame de dança, a prova de corda que correu ainda pior, o email a dizer que tinha ganho viagem, estadia e bilhetes para o Rock in Rio, a cara de enjoo da Nádia ao me ver na sua Faculdade, o entusiasmo ao apresentar o projecto na cadeira do Prof. Nuno Pinto, o livro pornográfico que a Rafa me deu pelo aniversário, a Raquel a vibrar com os Guns’n Roses, as mensagens para o Algarve, as saídas para a noite sozinho, a Ana a dar massagens na cabeça até adormecer na praia, também a Ana a me perguntar como é que eu respirava tendo o nariz tapado, os mergulhos do cais, as danças em cima da mesa no Challenger quando começava o “What else is there”, o Pandinha atolado de gente às 8 da matina, ouvir o “Fácil de entender” a 3 metros dos The Gift, o Pictionary com gestos em casa do Sérgio no Poiso, o jantar vintage que fiz com a Sílvia e Vanessa que terminou comigo ferrado no sofá enquanto víamos “A Bela e o Monstro”, as nuvens espelhadas na piscina do Seixal, os beijos que foram dados clandestinamente, a tangerina que salvei na noite do mercado, a foto censurada nessa mesma noite, a luz, a cor e a paz da cidade no dia de Natal à noite, as reviravoltas dentro da bola no parque de diversões com a Raquel, o flick-flack mal-feitoso que aprendi a fazer, primeiro com ajuda do Nuno, depois sozinho, os bolos de iorgurte com farinha integral e aroma de morango, o bolo retornado para o aniverário da Rafa, os jantares de camarão com ananás, de pimentos recheados e de gratinados feitos por ela, a tarde solarenga pela promenade de São Vicente numa esperança desmedida de mergulhar por lá, a Camacho a montar legos no centro comercial, a se jogar para o chão e a tomar a bebedeira, aí também com a Teresa, primeiro no Rali das tascas, depois no Porto Santo, a aposta (quase cumprida) do mergulho sem roupa, a tarde de patinagem que terminou com o Paulo no hospital, o fondue de chocolate, o entusiasmo de andar sozinho no metro de Lisboa, o suposto jantar surpresa de aniversário para a Laura que nunca aconteceu por constantes mudanças de planos, o dente que ficou na Praia Formosa, o passeio na Amarelinha da Laura, o embrulho em forma de camisa dum presente que me ofereceram, o abrir do envelope mais apreensivo da minha vida, o carro verde que a Tia Lídia me emprestou para passear pela ilha, a mensagem da Rafa a dizer que me estava a abraçar naquele momento, a chapada que me deu ao chegar à Madeira, a noite passada em casa da Claudinha, o “Houston, we have a problem” no campo de golfe do Santo da Serra, as 6 noites seguidas a chegar das Docas depois das 6 da manhã, o manguito ao homem que não saía do carrinho do parque de diversões, as vitórias de Portugal no Mundial, o mergulho no Caniçal com a minha paixão…

E tanto, tanto, tanto que ficou para recordar…

Agora, existem mais 365 dias em branco, com cheiro a folhas de um caderno acabado de comprar, para serem preenchidos com sorrisos, danças, saltos, cores, rabiscos, bom humor, abraços, mergulhos, corridas, apertos de mão, apertos no coração, com sal e pimenta, com calor e com amor.


Bom ano !