Hoje temos vacas roxas da Suíça, Pirâmides perfeitas do Sr. Ambrósio e animais marinhos da Bélgica. Temos também Ovos cheios de surpresas, chocolates para depois das 20h e até discussões a propósito do último Mon Cheri. Amanhã temos diabetes.
Deito fora as imagens, Sem ti para que me servem as imagens?
Preciso habituar-me a substituir-te pelo vento, que está em toda a parte e cuja direcção é igualmente passageira e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos numa casa deserta, a o trémulo vigor de todos os teus gestos invisíveis, à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens. As imagens não dão felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te, e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te, e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens assim como posso passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda que isso não seja ser feliz.
1 comentário:
Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta, a
o trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.
Raul de Carvalho
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