Percorro calçadas antigas, vibrantes, brilhantes, tentando imaginar as mil e umas histórias que certamente guardam. Imóveis, estáticas e com tanta vida a latejar, como se quisessem percorrer mundo, espalhando o seu aos sete ventos. Guardam no entanto segredos, sei que o fazem, apenas isso. E talvez seja esse o seu encanto.
Fragmento-me nas pedras da calçada, nos azulejos azuis e brancos que cobrem as fachadas de edifícios degradados por fora, incandescentes por dentro.
As flores nas janelas e a roupa a secar lembram-me uma cidade que julgava perdida nos fados de uma Amália Rodrigues que rejubila em todo o seu esplender de glória imortal. Sou personagem dos seus fados, misturado com um Pessoa que tem "todos os sonhos do mundo", vivendo no seu próprio e único universo. Debruça-se aquele tão nobre e antigo sentimento português, uma tal de "saudade" que saboreio, nunca julgando que a sua presença pudesse ser tão deliciosa, tão aconchegante, tão necessária. É saudade e não o é.
Desejo uma varanda com vista para o Tejo, aquela que me fará sentir em casa quando receber os primeiros raios de sol num frio dia de Inverno, enquanto ouço poemas escritos num bloco de rascunho por mãos calejadas. São assim que as imagino quando penso nos mais felizes poetas que alguma vez li. E escrevem-nos com alma de pássaro, paciência de pintor e habilidade de guitarrista. E sabedoria das pedras da calçada que sobem, descem, conhecem e vivem cada dia, cada noite. Cada beco, cada ruela. Cada verso dos fadistas, cada risode criança que viram crescer.
Encontrei-me nestas ruas perdidas e com tanto para contar.
Fragmento-me nas pedras da calçada, nos azulejos azuis e brancos que cobrem as fachadas de edifícios degradados por fora, incandescentes por dentro.
As flores nas janelas e a roupa a secar lembram-me uma cidade que julgava perdida nos fados de uma Amália Rodrigues que rejubila em todo o seu esplender de glória imortal. Sou personagem dos seus fados, misturado com um Pessoa que tem "todos os sonhos do mundo", vivendo no seu próprio e único universo. Debruça-se aquele tão nobre e antigo sentimento português, uma tal de "saudade" que saboreio, nunca julgando que a sua presença pudesse ser tão deliciosa, tão aconchegante, tão necessária. É saudade e não o é.
Desejo uma varanda com vista para o Tejo, aquela que me fará sentir em casa quando receber os primeiros raios de sol num frio dia de Inverno, enquanto ouço poemas escritos num bloco de rascunho por mãos calejadas. São assim que as imagino quando penso nos mais felizes poetas que alguma vez li. E escrevem-nos com alma de pássaro, paciência de pintor e habilidade de guitarrista. E sabedoria das pedras da calçada que sobem, descem, conhecem e vivem cada dia, cada noite. Cada beco, cada ruela. Cada verso dos fadistas, cada risode criança que viram crescer.
Encontrei-me nestas ruas perdidas e com tanto para contar.
Aguarela de Catherine Labey (2007)
2 comentários:
...é a Lisboa que te recebe. É Lisboa.
Que bonito!!
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