sábado, dezembro 13, 2008

Sweet December





Estamos em Dezembro e, mais uma vez, chove. Em Dezembros passados andávamos de camisas de mangas arregaçadas e éramos pássaros que mudávamos de poiso à procura de ninhos já construídos, porque na verdade pouco tempo sobrava para que nos pudessemos preocupar com o nosso próprio. Dormíamos onde calhava e com sorte, conseguimos encontrar algumas camas, que apesar de alheias, nos proporcionaram abrigo temporário nas noites quentes. Nas noites menos quentes, tentámos a todo custo alumiar lareiras ou aquecedores e sempre que pudemos, encostámos corpos com o intuito de acertar as batidas cardíacas. Já há algum tempo que os Dezembros condensavam o calor que devia ter pertencido aos restantes 11 meses do ano, e eu pouco me importava, nunca exigi uma distribuição equitativa, pois em todos eles usava t-shirt sem medos de gripes ou constipações. Talvez por ser o mês do Natal, o significado da palavra “amar” adquiria novos contornos e lembrávamo-nos, mais do que em outra altura qualquer do ano, que o tempo para amar é agora.

If I had no more time
No more time left to be here
Would you cherish what we had?
Was it everything that you were looking for?



Corações nómadas, assim os definimos, tendo apenas como certeza absoluta, os vôos fugitivos para outras estações. Distintas. Sempre distintas. Por isso tentámos sorver todos os minutos que escorregavam avidamente na ampulheta implacável do tempo.

(Não deveria ser sempre assim?)


I don't wanna forget the present is a gift
And I don't wanna take for granted the time you may have here with me
'Cause Lord only knows another day is not really guaranteed



Este Dezembro estava decidido a montar o meu próprio ninho, de modo a que na estação seguinte não precisasse ocupar sorrateiramente outros que não me pertencessem. Um ninho onde não precisasse de aquecedores ou lareiras, um ninho onde pudesse acordar e sentir que, fosse Inverno ou Verão, o calor dos corpos com sangue pululante fizesse esquecer os valores absurdos dos termómetros.


When I wake up in the morning
You're beside me
I'm so thankful that I found
Everything that I’ve been looking for



A Alicia diz de forma sentida “love me like you’ll never see me again” porque sabe perfeitamente que andam a voar por aí muitas aves passageiras, trocando de morada constantemente, tomando os endereços como abrigos garantidos e descurando do verdadeiro sentido da palavra “Amar”. Como se pudesse existir uma definição para tal.

How many really know what love is?
Millions never will…

Não vou tomar por garantido nenhum poiso de Inverno, mas vou procurar mantê-lo, cuidá-lo, remendá-lo se for caso disso. E dessa forma mantê-lo quente e confortável nas Primaveras, Verões e Outonos que se sigam. Sem chuvas tropicais, ventos ciclónicos ou outros fenómenos metereológicos devastadores. Por isso hoje, tal como ontem, volto a fortalecer a minha/nossa casa. Porque a casa de um homem é onde ele se sente feliz.

I don't wanna forget the present is a gift
And I don't wanna take for granted the time you may have here with me
'Cause Lord only knows another day is not really guaranteed




(foto de Birgid Allig)

4 comentários:

Anónimo disse...

lindo....és o meu escritor preferido!!

abraço da helen garden

Pedro Espírito Santo disse...

Obrigado babe! Só não me elogies muito que já sabes o que acontece, né?

Pedro Espírito Santo disse...

E espero ver-te muuuuito em breve babe! Tenho um quarto supa fantástico à tua espera para decorares!

laury disse...

... e para arrumar também!