É verdade, eu não quero amigos novos. Os antigos já me dão trabalho de sobra. Sou no geral uma pessoa muito afável e a quem se pode apresentar a amigos, familiares e levar a eventos sociais sem correr o risco de eu fazer ou dizer alguma coisa embaraçosa. Sou até uma pessoa que à mesa mastiga de boca fechada, não limpa a boca na toalha de mesa e que não põe o guardanapo de papel no colo. Consigo inclusivamente desenvolver assuntos para evitar momentos mortos com as pessoas que acabaram de me ser apresentadas sem ter de fazer referência às condições meteorológicas. Com o tempo, tenho até desenvolvido uma forma bastante credível de demonstrar interesse sobre assuntos que nem para encher chouriços me interessam, o que me pode vir a tornar numa pessoa hipócrita, mas tudo em prol da manutenção de um ambiente são entre mim e as pessoas, normalmente amigos de amigos, com quem, por alguma razão, somos "obrigados" a conviver num determinado momento.
Por essa razão, tenho o Facebook inundado de amigos. Familiares, amigos de infância, amigos de trabalho, amigos de paródia e muitos, mas muitos amigos de amigos que se não fosse por essa razão não fariam parte dessa lista.
Portanto, esta minha dissertação quer explicar uma determinada coisa aos meus amigos e aos "mais-ou-menos-amigos":
Eu, Pedro Alexandre Espírito Santo Andrade, sou uma pessoa que tem um problema. Sou daquelas pessoas que quando chega a casa liga SEMPRE o facebook e pouco se importa se o chat está online ou não. Ligo o computador e assim fica, mesmo que eu esteja a lavar loiça, a jantar, a tomar banho ou a coçar a micose. E há pessoas que falam comigo. E eu vou confessar aqui que apenas respondo quando me apetece. E muitas vezes não me apetece nadinha. Deixo aquilo a piscar e se me apetecer vou lá ver o que me disseram. Podia pôr offline, é verdade, mas nem sempre me dá para isso. E depois o que acontece, o que é? As pessoas ficam aborrecidas com o Pedro que as ignora constantemente. Mas algumas pessoas vão ter de perceber que nem sempre há paciência para conversa de circunstância que começa com um "Olá, estás bom?", ao qual é respondido um "Sim, e tu?", terminando com um apoteótico "Também". Percebi entretanto que o chat do facebook permite saber se a outra pessoa já leu ou não a mensagem enviada, o que invalida a desculpa do "Desculpa, só vi mais tarde quando já não estavas offline". Estou tramado.
Aproveito a oportunidade para pedir desculpas e desejar Parabéns atrasados aos meus 1015 amigos que me esqueci de parabenizar, é a minha tentativa de redenção porque estou quase a celebrar mais uma Primavera e adoro receber mensagens e telefonemas e já estou a imaginar o drama de chegar à meia-noite e ficar a olhar para o telemóvel sem que ele toque. É toda uma situação.
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