domingo, março 21, 2010

PRIMAVERA



É PRIMAVERA OFICIALMENTE!

E as condições metereológicas fizeram questão de se assegurar qua a sua chegada preenchia todos os requisitos que são exigidos na teoria. Os raios de sol, o calor, a possibilidade de andar de t-shirt, os bichos que aparecem na Primavera, as pessoas a ficarem mais bonitas e com ar menos doente. Hoje ao andar num táxi tive a oportunidade de abrir a janela do carro porque ESTAVA CALOR. Adeus aos casacos sobrepostos! Adeus aos fungos das minhas paredes! Adeus ao aquecedor que vai ser guardado no closet durante uns valentes meses! Adeus às gripes e constipações! Adeus às semanas de chuva incessante! Adeus à impossibilidade de pôr roupa a secar durante dias a fio!

Olá aos finais de tarde mais longos! Olá aos calções! Olá aos mosquitos e às abelhas! Olá à possibilidade de ir à praia (quando tiver tempo para isso, o que parece difícil)! Olá à boa disposição! Olá à vitamina D proporcionada pelo sol! Olá aos óculos de sol! Olá aos gelados a toda a hora!

E um dia destes deveria ser considerado FERIADO NACIONAL!

Os seres vivos da Madalena


Ora bem, façamos as contas dos seres vivos que moram na casa da Madalena:

1 - Rúben
2 - A minha pessoa
3 - Um aloé vera
4 - Uma planta do Porto Santo
5 - Uma lata de trevos de 4 folhas
6 - Um bicho que faz buracos na parede
7 - Milhares de bichinhos brancos nos móveis
8 - Uma osga chamada Olinda
9 - Fungos de várias cores e feitios
10 - Os peixes

Feitas as contas, vamos agora tentar descobrir quais são os que estão a mais. Têm 30 segundos para analisar bem. Já está? Óptimo.

Não começo a minha análise pelo Rúben, pois esse até paga renda e tem direito a cá estar.

O aloé que eu comprei há uns meses com tanto carinho, na intenção de tentar descobrir se é possível existir vida para além do ser humano dentro desta casa, veio provar que sim, é possível. Porém, penso que sofre de nanismo. Só lhe vi crescer uma folha que tem agora uns 7 cm e começa agora a despontar uma outra. É muito atrasadinho o Aloé. E pior é que durante este Inverno que JÁ TERMINOU, resolveu criar bolor no belo vaso, devia sentir-se muito sozinho.

A planta do Porto Santo, essa sim, a primeira planta a entrar em casa e não o Aloé como eu disse em cima. Quer dizer, a primeira depois do manjerico dos Santos Populares que morreu, acredito eu, pelo sal na terra que os vendedores põem propositadamente para secar a planta. Não me lembrava dele, mas agora também é tarde para eu emendar o que escrevi em cima. Voltando à planta do Porto Santo, uma daquelas que com folhas rechonchudas que guarda muita água, não era à partida um grande desafio. Mal precisava regá-la para garantir a sua sobrevivência. Pequeno problema, quer-me parecer que, apesar de eu mal a regar, ela afogou-se na própria água o que é uma forma terrível de morrer aos poucos, apodrecendo de baixo para cima. Ainda tem uns raminhos mas penso que o destino está traçado. Aproveitei e amputei uns ramos que pareciam ainda vivos e espetei-os no cântaro do Aloé, é a última tentativa de salvar a recordação do Porto Santo e dar um amigo novo ao Aloé que agora vai perder os fungos com a chegada do Verão.

Os trevos de 4 folhas, há um mês atrás estavam a germinar e eu contava-os um a um. Agora murcharam todos, não percebi se por excesso de água ou por falta dela. Para todos os efeitos, já não sou supersticioso.

Um destes dias descobri um buraquinho no parapeito da janela. De perto, vi a cabeça de um bicho com corninhos que aos poucos, trazia para fora do buraco umas coisas pretas que não percebi se eram as necessidades do bicho ou a madeira que ele resolveu roer. Enfrentei o bicho e acho que se intimidou, mas só até o dia seguinte quando ele fez outro buraco ao lado do outro. Esperemos que seja apenas um e que não esteja a constituir família.

Já os bichinhos brancos nos móveis que mais pareciam caspa, apareceram do nada e numa hora que mais me apetecia era deitar os móveis fora. Tive de bater à porta da frente para pedir à Deolinda um insecticida e pelo andar da coisa, parece que serviu. Eles morreram e só tive de limpar os cadáveres. Até ver.

A osga Olinda ainda não apareceu este ano, mas aposto que está a hibernar algures nas telhas das águas furtadas, à espera de sol e de apanhar as janelas abertas para voltar a entrar cá em casa à noite com aquela pele asquerosa. Ainda estou para perceber como é que aqueles Varanos de Komodo trepam até o 4º andar de um edifício. Bem que podiam, ficar nos andares abaixo. Já me imagino a apanhar sol no telhado e de repente a apanhar a Olinda ao meu lado de óculos de sol a curtir o calorzinho. E claro, imagino-me a aterrar na Rua da Madalena, porque certamente que o meu primeiro instinto será atirar-me.

Os fungos e bolores, ainda andam pelas paredes e por vezes nos casacos ou objectos que raramente são mexidos, mas eles sabem que a luta deles está a chegar ao fim, agora que vai chegar o sol e o calor.

Os peixes, que são os seres vivos cá de casa que menos aborrecem, continuam a nadar na sua bola, às vezes com água limpa, outras vezes nem por isso. Também passam a vida a defecar, os bichos. Ainda não têm nome, mas também não os quis baptizar antes de chegarem ao 3ºmês de sobrevivência nesta casa, porque a julgar pelas plantas, o jeitinho não é muito.

segunda-feira, março 15, 2010

Sejas bem-vindo, Sol!


Uma das coisas boas de se viver na Baixa de Lisboa é o facto de se poder ir a sítios muito giros a qualquer momento. E após longos meses de frio e chuva, agora que o sol resolveu dar um ar de sua graça, dou por mim esparramado em pleno Castelo de São Jorge (não pago entrada, mais uma vantagem de morar em Lisboa), seja a ler, a estudar ou simplesmente a desfrutar dos fabulosos finais de tarde que tanta falta me faziam. O sol apareceu e até as pessoas já parecem mais saudáveis e alegres. Já se pode andar de t-shirt em certas alturas do dia. As osgas podem agora começar a sair das tocas e a subirem até o meu 4º andar. Quer dizer, isto se não hibernaram algures entre as telhas, se assim for, já não precisam subir nada.


ISTO fazia-me falta.

domingo, março 14, 2010

O álcool e as pessoas


Suponho que quase todas as pessoas que leiam este blogue estejam bem conscientes dos efeitos do álcool no organismo das pessoas. Desde sempre que somos bombardeados acerca dos efeitos e malefícios a curto e a longo prazo do consumo de álcool. Eu pessoalmente gosto muito da minha vodka, seja numa kaipiroska ou numa poncha e gosto muito de me sentir "alterado", até atingir aquele ponto em que o simples facto de falarem connosco parecer uma anedota à qual não conseguimos evitar o riso. Já passei até por alguns momentos em que o álcool me fez regurgitar o jantar e uma ou duas em que fiquei momentaneamente "toldado" pelo exagero de bebida. Já tive de aturar bebedeiras alheias, mesmo avisando de antemão que não estava disponível para tratar de cenas decadentes previamente planeadas. Já vi beber para esquecer e senti essas pessoas completamente desnorteadas de tal forma que resolveram enganar-se a si próprias por algumas horas de modo a adiar o inadiável. Já vi quem precise desse estímulo para conseguir "divertir-se" ou pelo menos soltar um pouco a franga. Já vi quem chorasse por vergonha das bebedeiras das pessoas que mais ama. Já vi pessoas sofrer, não por beber, mas por serem vítimas dos alcoolizados.

Mas uma coisa não consigo entender. Não me entra na cabecinha como alguém pode culpar o álcool por alguma coisa que tenha dito ou feito. Não entendo que pessoas informadas justifiquem os seus actos com os copos a mais que bebeu. As pessoas sabem isso. Não perdoo alguém que me justifique actos desta forma. E pior de tudo é estar completamente sóbrio perante essas pessoas iluminadas. Julgo nunca ter afectado alguém nas minhas incursões alcoólicas, mas sei que nesses momentos estou mais sujeito a fazer asneiradas que sem o álcool jamais faria. Ainda assim penso que consigo ter uma inconsciência consciente que até o momento me impediu de magoar outras pessoas e de me magoar a mim próprio.


Foi um desabafo de um sóbrio incomodado.
(foto: Corbis)

domingo, março 07, 2010

Festival da Má Educação

Este post devia ter como título "Festival da Canção", e é por aí que vou começar. Fui ao Campo Pequeno assitir ao dito festival, uma experiência para (talvez) repetir. De facto, poder assistir ao vivo tem sempre outra piada, até as canções mais pirosas conseguem soar menos mal e nem que seja, promovem por vezes algum momento de comédia rapidamente partilhado com a pessoa do lado ou com alguém via sms que não conseguiu bilhete a tempo. As músicas que pelo palco passaram, umas festivaleiras, outras completamente aborrecidas, outras agradáveis, proporcionaram um belo espectáculo, muito bem iniciado pelos "Voca People" (que mal sabia que ia ter o privilégio de assistir à pala) e extremamente valorizado com a actuação de Fernando Tordo, num soberbo medley que justificou a 200% a minha ida ao Campo Pequeno. Não é sempre que se tem oportunidade de ouvir o "Cavalo à Solta", uma canção com uma história e uma intensidade brutalíssima, ainda para mais cantada pelo intérprete original. Gostei também da actuação dos Flor-de-Lis, a minha preferida do ano transacto.


Agora o que me revolta a barriga, mais do que os fãs dos "The Agency" que levantavam o cartaz tapando a vista às pessoas atrás e do que a senhora malcriada ao meu lado que não queria que eles levantassem o cartaz durante a actuação do grupo que estavam a apoiar, foi mais uma vez, a sensação de pequenez que as pessoas do meu país insistem em demonstrar. Isto quando? Quando a Filipa, vencedora do Festival entrou em palco felicíssima da vida por se ter sagrado vencedora (mantendo porém uma humildade apreciável), mergulhada num coro de apupos e assobios de uma plateia em fúria por não ter ganho "a melhor canção do festival". Não, não era a música que eu queria que ganhasse, mas existem diferenças entre as músicas que se gosta mais, as que são melhores a nível técnico, as que achamos que podem ter futuro na Eurovisão e aquelas que efectivamente votamos, que no meu caso nem era a melhor em nenhum dos requisitos que acabei de enunciar.


E foi naquele momento de total desrespeito, indelicadeza, mediocridade e má-educação por parte de grande parte do público presente que me recordei da minha antiga vontade de me tornar emigrante e na sorte que tenho em ter crescido numa família que me transmitiu alguns, como se diz mesmo?... Ah, valores, é isso.


segunda-feira, março 01, 2010

"Uma Flor para a Madeira"



Passada mais de uma semana do fatídico temporal, já todos estamos mais que fartos de ver as imagens de destruição da cidade do Funchal, Ribeira Brava e de outros locais espalhados pela ilha. Confesso que ainda páro à frente da televisão para ver as mesmas imagens a repetir vezes sem fim e ainda não consegui digerir muito bem o que aconteceu. São coisas que não julgamos possíveis de ocorrer nas nossas casas, nas nossas cidades. Como madeirense que sou, não fiquei indiferente, afinal de contas passei uma semana a ver inundadas as ruas por onde tantas vezes passeei com o meu avô em pequeno, por onde fiz as minhas corridas ao final da tarde, por onde consumi tardes com os amigos que deviam ter sido passadas a estudar. Todos os madeirenses têm muitas histórias a contar acerca daquelas ruas, daqueles muros, daí o aperto no coração e a lágrima prestes a correr ao assistir às imagens de devastação causadas pela água, pela lama e por tudo o que conseguiram arrastar consigo. O que me surprendeu foi que não se tratou apenas de um sentimento insular, apercebi-me de uma imensa solidariedade nacional, afinal quase ninguém ficou indiferente, talvez eu seja um daqueles típicos portugueses cépticos e com uma visão negra do meu próprio país que julgava impossível ver tanta gente a mover-se por uma causa destas, felizmente verifiquei o contrário. No fatídico Sábado recebi mensagens e telefonemas como se fosse o meu aniversário, talvez até mais, muitos genuinamente preocupados, poucos que me pareciam inconscientemente ávidos por saber novidades mórbidas do temporal.
Senti-me realmente impotente por nada poder fazer para além de me sentar no sofá e a engolir em seco todas as imagens que passavam, quando o que mais me apetecia era estar na Madeira, pegar numa pá e ir para a rua ajudar a limpar a minha ilha. Aquela ilha que afinal é de muita gente. Toda a solidariedade e generosidade que se desenvolveu à volta desta intempérie foi realmente surpreendente e o espectáculo organizado pela Sic, "Uma Flor para a Madeira", foi qualquer coisa de soberbo. Assistiu-se a algo de muito bonito e carregadinho de esperança e boa energia.

Pois é, somos afinal de contas um país menos cinzento do que aquele que pintamos.