quarta-feira, janeiro 28, 2015

Sweet Sixteen da Leonor



Hoje entras nos teus "Sweet Sixteen". É incrível como o tempo passa. Lembro-me de ver a Tia Luísa grávida, eu tinha já 14 anos. Lembro-me de estar de férias no Porto Santo com os Avós, o Guilherme e a Raquel quando estavas na barriga da tua mãe e dos teus irmãos terem ido à vila a um telefone público, nessa altura nenhum de nós usava telemóvel e tínhamos de utilizar moedas ou credifones (objecto que nunca usaste na vida) numa cabine de telefone junto às lambecas. Eu estava na sala da Vila Palmeira quando a Raquel entrou pela sala dentro numa euforia desmesurada a anunciar que já se sabia o sexo do bebé, que era menina! Já o Guilherme, lembro-me de ficar genuinamente aborrecido porque queria mesmo um irmão para jogar à bola. 
Nasceste com uma diferença grande dos restantes primos, sobrinhos, netos e conseguiste assim arrecadar os mimos de toda a gente. Lembro-me de te pegar ao colo em bebé e já maiorzinha, de te jogar ao ar porque gostavas disso, não sei é se a tua mãe gostava. Hoje já não te jogo ao ar, mas ainda te agarro apesar de resmungares. Agora divido o meu colo com a Gorda, que também resmunga às vezes, um bocadinho menos do que tu. 
Apesar dos 14 anos que nos separam, somos da mesma idade quando estamos juntos. É assim contigo, é assim com os restantes primos e é maravilhoso que assim seja.

Espero que os teus 16 anos sejam maravilhosos e que estejamos todos no Porto Santo em Agosto para muitos jogos de paddel, muitos mergulhos do cais, muitas noitadas de cartas e festas na praia. A vida é bem melhor com uma prima como tu.

Beijos deste primo que te adora :)

segunda-feira, janeiro 05, 2015

As notícias que eu não quero ler

Há dois meses estava a meio da minha viagem à Índia e Nepal. Hoje as memórias continuam vivas, apesar de parecerem remotas, talvez pela ânsia de estar a pensar numa próxima viagem pois quase jurava que já tinham passado uns 6 meses.
Uma das maravilhas de viajar é o abrir dos horizontes, é a possibilidade de tirarmos as palas que nos restringem a visão e olharmos em volta, conhecer pessoas e culturas diferentes e acima de tudo compreender que não somos mais do uma mera formiga no mundo e que na verdade a nossa passagem é breve e praticamente insignificante, pois o mundo continuará a girar mesmo depois de já cá não estarmos. Ao viajar olhamos para as pessoas de uma forma diferente, vemos com os nossos próprios olhos que dividimos este planeta com pessoas tão diferentes das que estamos habituados a lidar na azáfama do nosso dia-a-dia e reformulamos conceitos que assumíamos como certos nas nossas vidas - o bom, o mau, o certo, o errado, o amor, o ódio. 
Do alto da minha presunção ocidental, seria previsível assumir que a minha forma de viver é a mais correcta, mas uma viagem à Índia é inevitavelmente, perdoem-me o cliché, um abrir de olhos. 

Hoje percebo que as notícias, os sites na internet e as redes sociais estão cheias de referências ao que se passa no mundo, e por nunca ter estado em quase lado nenhum, mudo de canal ou não abro os links, pois é uma realidade que não é a minha e por esse motivo não me suscita grande curiosidade. Agora de repente, parece que todos os dias encontro alguma coisa sobre a Índia ou sobre o Nepal e por ter lá estado, abro imediatamente as páginas para ler o que se passa por lá. E infelizmente encontro notícias que me deixam um pouco angustiado. Já tinha noção que a taxa de violação na Índia era altíssima, mas o preocupante é que continua a aumentar. Em Nova Deli os casos de violação aumentaram um terço em relação ao ano passado e soube-se agora do caso de uma estudante japonesa que foi raptada e violada repetidamente por um grupo de homens em Calcutá e Bodh Gaya durante mais de um mês. É agoniante pensar que isto acontece com naturalidade algures no nosso planeta e pouco ou nada podemos fazer, até porque, numa escala bem menor, isto também acontece nas nossas cidades e nos nossos bairros. 
Isto é preocupante, mas e agora?

Ler aqui e aqui.




sexta-feira, janeiro 02, 2015

Eu Não Posso Ir à FNAC



É inevitável. Sempre que meto as patinhas nos armazéns do Chiado resolvo ir "só ali num instantinho" à FNAC ver coisas. Normalmente não vou ver nada em concreto, vou pela simples aventura e adrenalina de percorrer os seus corredores como uma criança numa loja de brinquedos. Mas aquilo que parece um simples e indolor passeio começa a tornar-se um episódio de tortura. Isto porque eu quero levar TUDO o que vejo. Não é só uma coisinha ou duas, é TUDO. Quero levar livros porque acho sempre que serei uma pessoa mais rica se começar a ler mais, sejam os clássicos que oiço falar desde sempre e sobre os quais nunca me debrucei, sejam os livros mais recentes porque eu gosto da ideia de estar a par do que se escreve hoje em dia apesar de no máximo ler a revista "Sábado", que aliás, também se vende logo à entrada da loja. Quero levar máquinas fotográficas espectaculares porque acho sempre que é a arte mais preguiçosa de todas, já que ninguém aprecia a minha voz, os meus dotes de bailarino ou os gatafunhos que faço quando jogo Pictionary. E depois teria uma página de facebook chamada "Pedro Espírito Santo Photography" onde eu publicaria os meus estados emocionais através de fotografias. Quero levar bilhetes para todos os concertos e festivais que se avizinham. Quero levar um computador novo porque este de onde escrevo estas coisas tem vontade própria e funciona quando e como lhe apetece e segundo ele, tem o "disco cheio" sempre. Quero levar montes de cds para aumentar a minha colecção e vou sempre espreitar os discos de vinil um a um, sonhando pela centésima vez com o dia em que vou etr um gira-discos na minha sala. Quero levar puzzles, canecas com bonecos e frases inteligentes e agendas "xpto" com as quais a minha vida seria tremendamente bem organizada. Quero levar dvd's de filmes que me parecem maravilhosos e de séries mega divertidas que eu não consigo assistir online, apesar de nem sequer ter televisão nem um computador que me deixe vê-los. Quero levar TODOS os livros de culinária na esperança que eles me tornem uma pessoa que consegue cozinhar para os amigos em vez de os convidar e fechá-los na cozinha com os ingredientes e apenas os libertar depois de garantir que cozinharam alguma coisa. Quero levar todos os guias de países e cidades que ainda não fui, e até de alguns que já tenha ido só porque sim. 

Basicamente, eu quando vou à FNAC saio de lá desejando ser rico, cantor, pintor, escritor, fotógrafo, actor, bailarino, turista, chef de cozinha, criança e astronauta. E normalmente, saio de mãos a abanar porque tenho contas para pagar. 

Hunf.

quinta-feira, janeiro 01, 2015

Algumas Notas Sobre 2015

Por não ter grandes planos para a passagem de ano, vá, dizer "grandes" é um acto de auto-comiseração, eu não tinha plano algum, gastei as minhas últimas horas de 2014 demasiado agarrado às redes sociais. Portanto, feitas as contas a olho, cheguei a estes bonitos números:

  • 182 fotografias em frente ao espelho com a legenda "Última selfie do ano";
  • 279 fotografias a mostrar os fatos e os vestidos que escolheram para arruinar após uma noite de bebedeira num Lux, num Main ou num Urban da vida;
  • 67 fotografias de jantares muito divertidos;
  • 394 publicações a agradecer ao universo as coisas boas que 2014 lhes trouxe;
  • 1285 fotografias/vídeos de fogo de artifício que não interessam realmente a ninguém que só têm "likes" porque estamos todos muito emocionados e de repente somos amigos de toda a gente;
  • 311 fotografias de garrafas de champanhe e brindes ao ano novo;
  • 63 publicações indignadas por uma tal de Agnes não ter ganho a Casa dos Segredos;
  • 362 fotografias com a legenda "Primeira selfie do ano"
  • 1232 imagens com frases alusivas ao "New Me" com que pretendem enfrentar 2015, porque acreditam piamente que será este o ano em que vão concretizar os sonhos de 2008;
  • 481 fotografias de festas supé divertidas e um ou outro vídeo no qual pretendem mostrar como a música está a bombar, mas que ninguém vai realmente abrir para vê-los;
  • 595 fotografias do "primeiro nascer do sol" do ano;
  • 572 publicações a dizer "Nunca mais bebo na vida";
  • 624 fotografias do "Primeiro pôr-do-sol" do ano - a ver se no dia 15 de Maio alguém tira uma fotografia idêntica mencionando o 135º pôr-do-sol do ano.
Já eu, que sou muito rebelde, vou publicar a fotografia da primeira laranja que eu agarrei hoje na cozinha. Ei-la toda redondinha e porosa a pedir para ser espremida. Ocorreu-me agora que podia fazer uma metáfora na qual referia pretender "espremer 2015" até à última gota, mas nós não queremos isso. Só por causa disso, publico também uma fotografia de uma cenoura. Ninguém faz metáforas sobre a vida com cenouras. 



Top + cá de casa, 2014

Nós últimos 12 meses não me posso queixar de não ter aproveitado os concertos que aconteceram à minha volta. Repeti concertos de anos anteriores e assisti a tantos outros pela primeira vez, riscado-os da "Bucket List" mas ansiando por poder vê-los mais uma, duas ou três vezes.

  1. A irrepreensível Luísa Sobral no São Luiz que tanto me enche o coração;
  2. A Beyoncé que rebenta com a concorrência só por aparecer no palco, uma das mais maravilhosas e completas artistas dos últimos anos;
  3. O inconfundível Caetano Veloso, aquela voz que acompanhou toda a minha vida veio ao Coliseu espalhar charme e uma alegria contagiante;
  4. Os Silence Four na MEO arena, num concerto emotivo onde cantei todas as músicas que o meu cérebro tratou de não se esquecer com o passar dos anos;
  5.  O António Zambujo convidou a Luísa Sobral, o Miguel Araújo e a Ana Moura para um concerto memorável em frente à Câmara Municipal de Lisboa;
  6. Os Arcade Fire superaram completamente as minhas expectativas, dando um concerto electrizante no Rock in Rio;
  7. O Justin Timberlake, um clássico da minha adolescência que exigia a minha presença, foi muito bom, mas fiquei longe e ainda hoje choro lágrimas de sangue por isso;
  8. Os Massive Attack ao vivo eram uma realidade desconhecida para mim, foi bom, mas fica no final da lista este ano;
  9. Oh Land no Meco foi absolutamente genial! Muito, muito, muito bom!
  10. Gisela João, vi-a tantas vezes este ano aqui e acolá e ainda assim consegue deixar-me de queixo caído cada vez que a vejo. Quando um artista vive as emoções à flor da pele como ela faz, tudo é tão mais bonito e arrepiante.
  11. A Ana Bacalhau no Caixa Alfama, infelizmente só tive direito a meia dúzia de músicas porque havia muita coisa para ser vista ao mesmo tempo em palcos diferentes;
  12. Com a Kátia Guerreiro, aconteceu o mesmo, tive de andar a pular palcos e só pude assistir à primeira parte do seu concerto no Caixa Alfama;
  13. Ana Moura e António Zambujo, uma parceria que resulta lindamente, com valor acrescentado por ter conseguido assisti-lo com os meus pais e avós;
  14. Carminho, a fadista da nova vaga que me faltava na lista, fiquei maravilhado com ela, o fado está muito bem entregue à minha geração;
  15. Lady Gaga, um dos concertos que eu mais ansiava e que acabei assistindo em Londres no 02 Arena, foi um concerto monstruoso, se já era fã, fiquei ainda mais com tudo o que vi;
  16. Terminei a odisseia com os Deolinda no Casino de Lisboa, posso vê-los 1000 vezes e sairei sempre dos seus concertos com um sorriso de orelha a orelha e com a alma revitalizada. Ninguém me tira da cabeça que eles cantam a minha vida.

Em relação ao meu top 25 do iTunes, este ano tenho 5 cromos repetidos (Deolinda, Luísa Sobral, Gisela João e Arcade Fire), muita Lady Gaga que foi o meu vício de final de ano e uma Sia com uma música e um vídeo que ouvi e vi em modo repeat.


1 - "Chandelier" - Sia

216 reproduções


2 - "Renaissance Girls" - Oh Land

137 reproduções



3 - "Home" - Phillip Phillips

122 reproduções



4 - "Coração Radiante" - Clarice Falcão

119 reproduções



5 - "Sambinha Bom" - Mallu Magalhães

110 reproduções



6 - "Not With Haste" - Mumford and Sons

104 reproduções



7 - "Ho Hey" - The Lumineers

102 reproduções



8 - "Venus" - Lady Gaga

98 reproduções



9 - "Les Tulipes de Mon Jardin" - The Gift

96 reproduções



10 - "Gypsy" - Lady Gaga

94 reproduções



11 - "Don't You Wanna Share the Guilt" - Kate Nash

90 reproduções



12 - "Do What You Want" - Lady Gaga e Christina Aguilera

90 reproduções



13 - "A Visita" - Silva

79 reproduções



14 - "Birthday" - Katy Perry

77 reproduções



15 - "Antigamente" - Gisela João

76 reproduções



16 - "O Meu Coração" - Anaquim e Ana Bacalhau

75 reproduções



17 - "Donatella" - Lady Gaga

74 reproduções



18 - "Happy" - Pharrel Williams

74 reproduções



19 - "G.U.Y." - Lady Gaga

69 reproduções



20 - "Musiquinha" - Deolinda

68 reproduções



21 - "Afterlife" - Arcade Fire

66 reproduções



22 - "MANiCURE" - Lady Gaga

66 reproduções



23 - "Hello Stranger" - Luísa Sobral 

66 reproduções



24 - "Algo Novo" - Deolinda

64 reproduções



25 - "Can't Remeber to Forget You" - Shakira e Rihanna

62 reproduções