quarta-feira, junho 30, 2010

25

É oficial, estou mais perto dos 30 do que dos 20. Já não caminho para novo mas sinto-me mais novo do que nunca. Tive um dia muito, muito, muito bom! Graças ao Facebook, bendito sejas, recebi mais mensagens de aniversário do que nunca. Desejaram-me felicidades pelo Tanoy em pleno ginásio, durante um treino que estava a dar e tive imensos colegas e sócios que nem conhecia a me cumprimentar e a sorrir. Andei de mota num dia de verão sensacional e fui à praia apanhar a difícil cor que já não tinha há muito tempo: vermelha. Ofereceram-me um queque com umas velas que não conseguirem ser acesas e que provocaram lesões num polegar. Conversámos, tirámos fotografias, mergulhámos. Vimos o jogo de Portugal, mas eu não estava nem aí para aquilo. Fizemos as palhaçadas do costume que envolveram danças contemporâneas e exercícios numa fitball, alguns dos quais dignos do melhor Kamasutra ilustrado. Conversámos e conhecemo-nos um pouco melhor numa noite quente como se quer.

Não podia ter pedido mais.

quarta-feira, junho 16, 2010

"From Both Sides Now"


Tentei escrever algo, mas quase no fim foi tudo ao ar, se calhar era sinal de que não o deveria fazer, mas como me conheces bem, não costumo deixar nada por dizer, por muito que isso incomode as pessoas, por muito que isso me impeça de avançar, por muito que as pessoas de fora me tentem fazer ver a lógica das coisas que eu teimo em acreditar. Sabes muito bem que por muitos conselhos que me dêem eu vou sempre acabar por fazer e dizer o que sinto. A razão sempre me disse para fugir, eu sempre achei a fuga a resposta mais fácil e mais previsível, se calhar por isso quis ficar mais um pouco. Quis espremer a laranja, amarga e doce, até ao fim, na tentativa de salvar o pouco que poderia haver para salvar. Gosto de acreditar nas coisas até o fim, sabes disso.
Sabes também o quanto uma pequena decisão pode afectar de forma devastadora uma grande coisa, aprendeste da pior maneira. Sabes o valor que eu atribuo às pequenas coisas mas que o todo nunca será uma mera soma das partes. Conheces certamente aquele sentimento genuíno de querer acelerar o passo no caminho para casa porque sabes que vais ter um sorriso, um abraço, um beijo, um porto de abrigo, aquele conforto e segurança que todos procuramos. No final de contas apercebemo-nos que toda a nossa vida vamos procurar isso. Não teria escrito melhor, as tuas últimas palavras, as tuas últimas gotas da laranja espremida acabaram por me fazer relembrar a poesia que eu tanto idolatrava e que julgava perdida há muito. De facto a peça terminou antes do tempo, as cortinas fecharam-se e ficaram muitos actos de improviso por representar. Não se ouviram aplausos, ninguém saíu satisfeito nem com um sorriso nos lábios e acredito que até houve quem tivesse pedido o dinheiro dos bilhetes de volta. No entanto acho que ninguém esperava um final tão feliz quanto eu desejava. E dizem-me "És muito novo, tens muitas outras histórias para viver e contar", mas se calhar eu queria ter essas histórias para contar... mas com o mesmo colega de palco. "Happiness only real when shared", remember? Tal como todos os grandes artistas têm momentos menos bons nessa montanha-russa que todos percorremos, terei de me dedicar aos monólogos por uns tempos, ao falar para uma audiência ausente nas cadeiras empoeiradas, à espera que um dia descubram que ainda tenho muito para partilhar. É a minha faceta dramática, eu sei. Sempre a tive, sempre encontrei nela uma beleza inolvidável. Sabes bem como sempre vivi as coisas aos extremos, na verdade acho que é isso que me mantém vivo. Torna uma pessoa muito mais interessante, profunda, rebuscada. Tal como eu gosto.

Tivemos tudo para ser um best-seller, o maior êxito de bilheteiras, os melhores candidatos a vencedores de um Óscar e no entanto acabámos por nos tornar uma obra inacabada, uma Torre de Babel oca, um romance de supermercado. Foi pena, tínhamos tido um arranque muito promissor e uma carreira auspiciosa parecia ser o inevitável destino. Restou alguma coisa? Não sei, diz-me tu. Eu queria e tentei, tu dizes o mesmo. Um de nós desistiu primeiro, fugiu, o outro, eterno sonhador, vai ficar e tentar reescrever a história com melhor argumento e com nova banda sonora.

Se quiseres, saberás bem onde me encontrar, vou continuar com o chapéu de Peter Pan na cabeça e não vou deixar que mo arranquem.

Vou ter saudades.



Todd Warnock/Corbis

terça-feira, junho 15, 2010

Portugal


Tenho para mim que o Cristiano Ronaldo guardou os golos todos do último ano e meio para este Campeonato do Mundo. Que o Eduardo não vai sofrer golos. Que o Bruno Alves não vai partir pernas. Que o Danny vai ser a revelação do Mundial. Que o Raúl Meireles vai ter de fazer uma tatuagem nova para celebrar a Taça. Que o Queiróz vai ser levado em braços e gritar "Viram como eu tinha razão?".

Ou isso ou vou ter de me chatear com eles todos.



Em relação às vuvuzelas, sei de um sítio giro onde as podiam guardar, mas não digo.

segunda-feira, junho 14, 2010

Rock in Rio 2010

Já vos falei do Rock in Rio 2010? NÃO! Mas vão todos querer ler sobre isso, não é amiguinhos? Too late, já estão a ler, agora vão ter de ir até ao fim.

Pois bem, Laurinha arranjou bilhetes grátis para o último dia do Rock in Rio de este ano e APESAR DO CARTAZ, conseguiu convencer-me a ir até lá. A tarde começou comigo no ginásio a empurrar os sócios resistentes que teimavam em ficar a treinar depois da hora, até porque Laurinha havia combinado com o Pedro a uma determinada hora, mas já devia ter aprendido a lição de que a Laura chega sempre atrasada seja ao que for. E quase juro ter lido os pensamentos dos sócios ao sairem, eles olharam para mim com um olhar fustigante cheio de insultos por eu os ter despachado para ficar ali especado à porta do clube. Continuando, 50 minutos depois chega Laurinha com a sua mota só para começarmos a entrar no espírito do medo e do sangue que os Ramnstein, Soulfly e Motorhead nos viria a sugerir um tempo depois. Fiquei com os pulsos todos doridos de tanto me agarrar, mas chegámos sem um arranhão, o que na Laura não é assim tão comum.

E o que fizeram os meninos por lá, hein? Vamos enumerar aleatoriamente:

1 - Andámos atrás de brindes grátis;

2 - Estivemos mais de meia-hora numa fila só para ganhar um gelado da Olá em troca de um sorriso que quanto mais amarelo fosse, maior a recompensa;

3 - Andámos na montanha russa com umas amigas espanholas e conseguimos gritar mais que elas e conseguir maior histeria do que duas espanholas juntas é duro!

4 - Tomámos shots de oxigénio e fingimo-nos doentes entubados;

5 - Quase comçámos a dançar capoeira, mas a Laura agarrou-me a tempo;

6 - Andámos num elevador que era suposto descer rapidamente para apanharmos um susto mas eu estava mais atento à senhora velhinha à minha frente a ver a hora em que tinha um ataque cardíaco, mas aparentemente ela estava mais divertida que eu;

7 - Fizemos um surf melhor que o do Kelly Slater onde Laura demonstrou um belo jogo de cintura que ele jamais terá;

8 - Jogámos futebol com máquinas fotográficas na mão e GANHÁMOS!

9 - Andámos na roda gigante e quase fizemos swing com o casal que ia connosco, não fosse a timidez da senhora ao meu lado;

10 - Andei com um cartão do Ernersto ao pescoço, que +pelos vistos tinha apanhado sol a mais. O Ernersto, não o cartão;

11 - Finalmente, fiz o esforço da minha vida e assisti ao concerto dos Ramnstein sem ter feito nenhum moche.


Está quase tudo dito, mas não me apetece escrever mais. Arf!


sábado, junho 12, 2010

Manjerico de Alfama


Sofia, Luís Oroche e PES foram jantar a Alfama um destes dias. Percorremos as ruas sem rumo até encontrarmos um boteco qualquer onde comer coisas que não sardinhas. Demos com um pequeno largo com mesas e cadeiras meias de lado, debaixo das tradicionais decorações dos Santos. Ouvimos até a exaustão a música da Marcha de Alfama que ensaiava ali nas redondezas e tive de impedir a Sofia de saltar para cima da mesa e começar a bailar de uma forma sensual. Luís enrolava charros que mais tarde viria a partilhar secretamente com a senhora do Bairro que nos atendeu e que não tinha os dentes todos. A mesma que tentou sacar informação da minha vida para depois me impingir a filha dela, que tinha a minha idade e era solteira, mas que provavelmente também não tinha os dentes todos. Comemos um belo de um caldo verde que mais parecia esparregado mastigado e ficámos moito felizes, nomeadamente o Luís que até queria comer o meu e o da Sofia. PES comprou um manjerico, quer dizer, a Sofia comprou e o PES ficou a dever o dinheiro, na esperança de que este aguente mais de 15 dias, já que no ano passado o homólogo faleceu precocemente. A frase do dito cujo parece feita por encomenda e deixa antever a feschta de amanhã pelas ruelas antigas de uma Lisboa que eu adoro um pouco mais que ontem.


E de falar em Santos Populares, fica a fantástica música dos Deolinda!



terça-feira, junho 08, 2010

"We're Living in a Den of Thieves"


Hoje o céu vestiu-se a rigor para a missa do 7º dia. A dor continua a macerar lentamente, mas ainda é cedo para deixar de a sentir. A impotência de nada poder fazer contra a decadência dos sonhos e projectos desenhados em conjunto deixa-me sem forças e afundado num desânimo acinzentado. O meu corpo inerte recusa-se a reagir e deixo-me ficar sentado, sem o menor fio de raciocío, envolvido no meu silêncio musicado.

As paredes que me envolvem guardam em si um sem número de histórias, viram passar as nossas 4 estações, apesar do Inverno rigoroso a que fomos sujeitos durante quase um ano. O nosso telhado pouco foi utilizado, era perigoso e as telhas podiam soltar-se facilmente e eu sabia que quanto mais as subisse maior poderia ser a queda. Mesmo assim ousámos desafiar o perigo juntos uma ou outra vez, não tantas quanto gostaria. Agora estas paredes já não nos falam da mesma maneira. Já não tenho aquela vontade de subir as escadas a correr e meter a chave na porta e saber que está alguém que me vai acalmar após um dia menos bom. Não me apetece colocar na parede o poster que tanto queríamos nem o puzzle que eu construí com tanto prazer e empenho. Olho em volta e vejo a desconstrução de uma obra que se desejava para a vida. É difícil demais. Como diz a Regina, "We're living in a den of thieves".

A nossa Torre de Babel desabou e ficaram as ruínas perigosamente empilhadas. Com o tempo vão criar musgo e tornar-se atracções para os turistas que virão de várias partes do mundo para as ver. E aí, aquelas paredes que ainda permanecem de pé deixarão definitivamente de ser nossas.

quinta-feira, junho 03, 2010

Fado do Luto

Após adormecer com uma pequena revolta interna acerca dos meios onde me movo, acordei mais cedo que o previsto sob um sol e um dia fantástico, daqueles que todos desejamos ter no nosso dia de folga quando se trabalha quase 2 semanas seguidas. E o que fazer num dia destes? Primeiro, arrumar a casa. Segundo, ir trabalhar! Só não sei até que ponto me faz bem adormecer indignado e acordar com um fado de luto ecoado pelas ruas da Baixa de Lisboa, a indiciar um funeral já anunciado que me provocou um nó no estômago. Um nó que já devia estar desmanchado. Entretanto a voz calou-se. Fiquei mais tranquilizado. O funeral está terminando e o luto já pouco merece ser vivido. Vou despir o preto, pôr a música aos berros e cantar como eu costumava cantar. Mal, eu sei, mas com "aquela" vontade.
Devo realmente ser muito boa pessoa para acreditar sempre nas pessoas até prova em contrário. Mesmo quando todas as evidências estão perante os meus olhos, quero acreditar sempre na honestidade das pessoas. Já me tentaram pisar e pior do que isso, já me deixei ser pisado por "indivíduos" que não sabem singrar de outras formas sem ser na base da desonestidade e da mentira. Não percebo a razão da existência dessa maldade gratuita, mas realmente é sempre mais fácil atingir o "elo mais fraco", pois à partida é aquele que não vai dar muita luta, ou que simplesmente cruza os braços e fica a assistir à sua própria submersão. Até me considero boa pessoa, cresci rodeado de bons exemplos e numa realidade de boa educação que eu próprio quis manter inalterável. É algo básico e que geralmente vem do berço. Também não compreendo o porquê de algumas pessoas se preocuparem tanto comigo e com a minha vida, quando nas alturas menos boas não estiveram lá com a atitude certa. Fazem-me lembrar as hienas ou os abutres, à espera do mal dos outros para seu próprio regojizo.
Hoje, mais uma vez, resolveram trapacear-me no trabalho. Hoje descobri que agredi alguém com um copo e que namoro com uma pessoa com quem nem falava há mais de um mês. Disseram-me um dia que todos nós temos um pouco de todos os sentimentos, mesmo aqueles maus, como a inveja. Não sei qual a razão para exacerbarem tanto esse sentimento, mas definitivamente, não lhes fica nada bem.
E com estas barbaridades de madrugada me deito.