quinta-feira, agosto 23, 2012

Both Sides Now - Part II

Chegado a casa, há malas por arrumar e roupa para lavar. Um monte de roupa suja espera, espalhado no chão do quarto, pelo turbilhão da máquina de lavar há já demasiado tempo. Está na hora de dividir a roupa por cores, naquele ritual sempre impreciso e incerto, não vão as cores se misturar todas e transformar as cores vivas em tons pálidos, acinzentados. Continua a ser um processo que desempenho com apreensão, daí ter recorrido a todos os meios ao meu alcance para me proteger, digo, as roupas. Escolho o melhor detergente, uso toalhitas para evitar a transmissão de cores e até leio as etiquetas. Já sofri demasiados danos anteriormente e alguma coisa tive de retirar dessas asneiras. Todos devíamos ler as letrinhas pequenas. 
Sento-me à frente da máquina e observo o rebuliço que acontece lá dentro. E consigo lembrar-me do que fiz com aquelas roupas vestidas. Lembro-me dos passeios na praia, das subidas a montanhas, das noites clandestinas adormecidas no sofá, dos passeios de bicicleta, das escapadelas para telhados instáveis, das fotografias tiradas de braço esticado e das escadas dos 4ºos andares. 

É sempre um (demasiado alto) 4º andar.

Até que aparece a espuma a turvar o interior da máquina. E penso que se calhar misturei roupa a mais, mas com sorte, talvez as cores não se misturem desta vez.


quinta-feira, agosto 09, 2012

"And I’ll say: “I love to feel that I have to be James Dean”

Nada como contar as horas e os minutos para voltar a casa. Chegando, há-que deitar fora todos os relógios e deixar o sol decidir por si próprio quando termina um dia e começa outro. Os planos são tantos e tão poucos. Está na hora de me entregar à rotina confortável dos dias nunca iguais, entre jogos de cartas, passeios de bicicleta, raquetes de praia, mergulhos, jantares na Vila Palmeira, lambecas, bolos da padaria, fotografias disparatadas e passeios no Mini Moke. É hora de calçar o chinelo e dar o passeio na Vila só porque sim. 
I'm coming home.

And there’ll be sun, sun, sun
All over our bodys.
And sun, sun, sun
I’ll die in next
There’ll be sun, sun, sun
All over our faces
And sun, sun, sun
So, what the hell
(...)
But it was fun, fun, fun
When we were drinking.
It was fun, fun, fun
When we were drunk
And it was fun, fun, fun
When we were laughing
It was fun, fun, fun
Oh, it was fun.
(...)
And will be love, love, love
Love throught our bodys.
Love, love, love
All throught our minds
And will be love, love, love
All over her face
And love, love, love
All over our minds.






"Us"


Finalmente te encontro num dos teus raros momentos de descanso. Pousaste a tua mochila e sentaste-te numa pedra, a pedra que tinha a melhor vista, não por cansaço mas porque o momento assim exigia. Abriste os braços, esticando-os o mais que podias, ergueste a cabeça para o céu e respiraste fundo mantendo os teus olhos fechados. O ar estava mais puro do que nunca, cheirava a pinheiros, cheirava a liberdade. Não satisfeita, levantaste-te e começaste a girar e girar e girar, cada vez mais rápido até ficares atordoada e caíres no meio da erva e das flores amarelas que se confundiam com as do teu vestido. Inebriada, ficaste a olhar para o céu e começaste a interpretar de que se disfarçavam as nuvens que se moviam a uma velocidade alucinante. Quantas vezes paraste para olhar as nuvens? Esse era o momento para o fazer. 
E o teu sorriso era o mais convidativo, o teu vestido o mais florido e a tua energia a mais bonita com que alguma vez me presenteaste.



"We're living in a den of thieves

Rummaging for answers in the pages
We're living in a den of thieves
And it's contagious
And it's contagious
And it's contagious
And it's contagious"

© Dave Reede/All Canada Photos/Corbis

quarta-feira, agosto 08, 2012

EU tenho um telemóvel novo

E demoro anos a escrever cenas. Ter chegado aqui através dele foi uma epopeia. Aplausos para o Pedro!