terça-feira, abril 03, 2012

A Minha Lambreta


Já passaram 6 meses de vida em comum com a minha lambreta. Temos sido muito felizes juntos. Tirando aquele primeiro momento em que quiseste mostrar quem mandava no pedaço e me atiraste para o asfalto para tatuar os meus joelhos. Mas rapidamente nos reconciliamos e todos os dias nos cumprimentamos com um beijinho e uma apitadela.  Já adoecemos juntos e já rimos de muitos condutores de Playstation ao passar por eles no meio do trânsito, eternamente engarrafados e com um humor nublado logo pela manhã. Já quase levámos com portas no nariz, quase atropelámos peões que julgam ser super heróis e atravessar onde e à velocidade que lhes apetece. Já fomos rebeldes e atravessámos sinais vermelhos e acelerámos pela faixa do BUS como se aquilo fosse tudo nosso, sempre à espreita de algum polícia que nos apite e nos chame a atenção como naquelas vezes que fomos apanhados a andar em cima do passeio. Confesso que às vezes me aborrece o teu problema com a bebida, começa a tornar-se um vício cada vez mais caro e temos tido algumas discussões a propósito do assunto. Ainda não te estreei com mais alguém em cima, mas peço desde já desculpa ter-te deixado nas mãos de um novato, mesmo que por menos de 2 minutos e na minha Travessa com final e sem trânsito. Eu senti o medo quando voltaste ao dono, mas prometo ter mais cuidado para a próxima e certificar-me que a próxima pessoa que te acelere te irá tratar com o máximo respeito. 

Somos um acidente prestes a acontecer, mas isso é um pormenor.

"Vem dar uma voltinha na minha lambreta
E deixa de pensar no tal Vilela
Que tem carro e barco à vela
O pai tem, a mãe também
Que é tão, tão sempre a preceito
Cá pra mim no meu conceito
Se é tão, tão e tem, tem, tem
Tem de ter algum defeito
Vem dar uma voltinha na minha lambreta
Vê só como é bonita, é vaidosa
a rodinha mais vistosa
deixa um rasto de cometa
É baixinha mas depois parece feita pra dois
Sem falar nos eteceteras
Que fazem de nós heróis
Eu sei que tem um estilo gingão
Volta e meia vai ao chão
Quando faz de cavalinho
Mas depois passa-lhe a dor
Endireita o guiador
E regressa de mansinho para pé do seu amor"
Vem dar uma voltinha
na minha lambreta
Eu juro que guio devagarinho
Tu só tens de estar juntinho
Por razões de segurança
E se a estrada nos levar, noite fora até o mar
Páro na beira da esperança 
Com a luzinha a alumiar"

3 comentários:

Anónimo disse...

Mas prometes-te ao novato que o ias levar a dar uma volta!

GotchyaYinYang disse...

Adorei!

Pedro Espírito Santo disse...

O novato vai ter direito a uma volta quando o Pedro aprender a não se espetar em chãos calcetados.