terça-feira, abril 30, 2013

Fazem-se coisas tão bonitas no nosso país

Lembro-me de escrever na primeira publicação deste blogue, que este mês faz 7 anos, acerca de imprevisibilidade da vida, da incerteza do amanhã e do quão maravilhoso isso era. O não adivinhar o dia seguinte, o olhar para o dia novo como uma página em branco e do que é verdade hoje amanhã poder ser uma farsa. Confesso que este pensamento tem caminhado comigo nos últimos tempos pelos mais variados motivos, mas hoje não queria entrar em devaneios filosóficos para não embrulhar mais os meus já poucos neurónios. Na verdade apenas escrevo porque me apercebi que nestes 7 anos algo mudou na minha vida - o meu gosto musical. Sempre me considerei eclético, tanto comprava os discos da Britney Spears e das Spice Girls para ouvir no discman, como ouvia Bach e Chopin para estudar, cds que os meus pais tinham no meio de tantos outros. Ainda me lembro do primeiro cd que comprei. Estava no 5º ano e lá em casa havia apenas uma aparelhagem para ler cds, era do meu irmão, que rebelde como só ele, era pioneiro nas tecnologias lá de casa - leitor de cds, telemóvel, eu sei lá, ele desbravou um ousado caminho. Antes, ele já tinha comprado um rádio com leitor de cassetes, daqueles compridos que com aquelas pilhas gordas dava para levar ao ombro para a praia. Felizmente para todos nós, isso não aconteceu. 
Ao tentar recordar-me das minhas primeiras memórias musicais, consigo lembrar-me de um gira-discos onde ouvia vezes sem fim o "Fungagá da Bicharada", um disco com o Júlio Isidro na capa (não me lembro se era ele que cantava), e que graças à Wikipedia, sei que foi um programa televisivo entre 1974 e 1976. Espero que esse vinil ainda exista lá em casa, aqui só encontrei esta imagem de fraca qualidade do Júlio Isidro vestido à domador de leões, uma capa épica.


Já em cassetes, tínhamos a "Turma do Balão Mágico" - memorável! Sabia as músicas de cor e salteado. Nunca vi o programa, nem sei se passava na televisão portuguesa, de qualquer modo só tínhamos RTP Madeira na altura a preto e branco. Hoje temos internet que permite ver, pela primeira vez e com décadas de atraso, o vídeo do "Super Fantástico" - surpresa, era a cores!  


Contudo, na minha cabeça ninguém me tira a ideia de que as músicas infantis da minha infância eram bem melhores que as de hoje em dia, não desfazendo o Panda, a Xana Toc-Toc e agora a sensual Professora , Cabeleireira, Bombeira e Polícia Sónia Araújo. 
Ainda falando de cassetes, as músicas em inglês que tenho memória são duas - "Hotel California" dos Eagles e "Let It Be" dos Beatles. Não percebia patavina do que eles diziam mas sei que durante anos a fio cantava "Léripi" em vez de "Let It Be". Quem não tem cão...

Quando finalmente o meu rico irmão (ele tinha sempre dinheiro para cenas) comprou uma aparelhagem com leitor de cds, tinha de ouvir o que ele tinha - assim de repente, um disco com o nome "Dance Mania", o unplugged dos Nirvana, "Conquest of Paradise" dos Vangelis, Madredeus, enfim, ele sempre foi eclético como eu. Eu, gradualmente, fui ganhando terreno para poder ouvir os cds dele quando me apetecesse, até que chegou o dia em que comprei o meu primeiro cd, com o meu próprio dinheiro. Foi o álbum homónimo das Spice Girls. É verdade. E como eu dançava aquilo, em casa, na escola, enfim, teria panos para mangas, esse assunto. Ai, ai... Aliás, toda a minha evolução musical daria um bom sketch humorístico. 

Hoje, aos 27 anos, sou um apaixonado pela música portuguesa. Se antes olhava para o "Made In Portugal" com desdém e apenas ligava ao "Top +", hoje tenho pena que não haja mais esse programa. Porque decerto estaria recheado de bandas e artistas que eu venero. Aqui tenho a playlist das 35 músicas que mais ouvi em 2013,  sim, eu sei que há pessoas que já não têm paciência para aturar a minha adoração pelos Deolinda e pela Luísa Sobral, mas é mais forte do que eu. E apesar da hegemonia deles nesta lista de 35 músicas, tenho ainda David Fonseca, Ultraleve, Cristina Branco e Amália Rodrigues. Mas também podiam estar o António Zambujo, a Ana Moura, a Maria João, o Carlos do Carmo, o Rodrigo Leão, os The Gift, o Sérgio Godinho, a Lúcia Moniz, a Márcia.
Bem, faz-se tanta coisa linda no nosso país.

E por essa razão, tenho lugar na 3ª fila do Coliseu de Lisboa para os Deolinda na sexta-feira... e para a 6ª fila no dia seguinte no Coliseu do Porto. E se eles me convidassem a fazer parte da tournée deles, ia fazia já as malas e corria o mundo com eles. 





1 comentário:

Anónimo disse...

Just... LOL bem alto mesmo!

Nice!

dnesa