segunda-feira, julho 22, 2013

O Resgate da Lambreta


Após 4 longos dias de ausência, a lambreta está de volta a casa de onde nunca deveria ter saído. Não, não foi a polícia que descobriu. Fui eu mesmo. Assim como quem não quer a coisa, num passeio domingueiro pelas redondezas. Reconheci-a imediatamente por causa da falta de retrovisor. Não estava muito longe de minha casa, na verdade, estava a cerca de uns 200 metros, mas por alguma razão, não me deu para passar naquela rua especificamente. Nem eu, nem a patrulha da polícia que supostamente andou pela área a sondar. Não estava escondida ou jogada para um canto, estava devidamente estacionada perto de uma casa de fados. Bem estacionada, mas cheia de lesões. Não sabia bem o que fazer. Primeiro olhei em volta a pensar que o ladrão pudesse estar nas imediações, o que faria dele muito pouco inteligente já que estávamos pertíssimo da minha casa. Depois liguei para o Tiago mandando-o parar tudo o que estava a fazer, no caso, o jantar, mas não sabia bem o que lhe dizer. Se pegava na chave da mota e vinha ter comigo, se chamava a polícia, se me vinha ajudar a empurrar a mota para casa, sei lá. Acabámos por ser três a empurrar a mota rua acima. 
Chegados a casa, fiz o exame de rotina. Liguei a mota, ela tinha motor e bateria! No entanto havia sinais de tentativa de roubo do motor, mas não conseguiram tirá-lo. O problema aqui era mesmo o depósito de gasolina estar a verter por algum lado. O banco estava fechado, tão bem fechado que não o consegui abrir. Deram-me cabo disso e deu para perceber que o capacete foi à vida. Espero que pelo menos tenham poupado os documentos da mota que não dava jeito nenhum tratar de papelada. Forçaram ainda o porta-luvas onde guardava conchas, o que foi estupidez porque bastava terem carregado num botãozinho. Não me levaram as conchas, ufa! Após 200 e tal euros queimados na oficina há um mês, terei de me preparar mentalmente (e carteiramente) para amanhã dispender mais um bela quantia para curar as feridas de guerra da lambreta. Mas valerá a pena o esforço, só de pensar nas horas de vida que perderia a andar de transportes públicos vinham-me as lágrimas aos olhos. 

Neste momento a motinha está completamente amordaçada à porta de casa e tenho ido à janela de vez em quando certificar-me que ainda lá está. 
Tudo está bem quando acaba bem. Arf!


quinta-feira, julho 18, 2013

Farewell, Minha Querida Motinha

Quando acabei de tirar a carta de condução, ansiava pelo dia em que me mandassem parar numa operação-stop para poder exibir orgulhosamente a carta de condução que tantas dores de cabeça me deu para conseguir. Não percebia nada dos documentos que teria de apresentar e hoje ainda não sei. Mas juro que queria mesmo mostrar às autoridades que tinha a papelada toda direitinha e nem uma gotinha de álcool no sangue. Por vezes até passava mais devagar junto às brigadas de trânsito, mas nada. 
Até há dois dias. Mandaram-me parar junto ao Martim Moniz e eu, apesar de estar atrasado, fiquei  contente porque me tinha lembrado à ultima da hora de meter a carteira no bolso onde tenho o cartão do cidadão e a carta de condução. Era a minha oportunidade de poder mostrar o quão legal estou. O Sr. Polícia pediu-me uma coisa qualquer e eu dei-lhe para as mãos um monte de papéis e disse-lhe que o que ele precisava estava ali certamente. Fiz tipo um jogo com o Sr. Polícia, tipo "Onde Está o Wally" versão papelada burocrática. Enquanto ele procurava eu tirava da carteira os restantes documentos e fiquei sem pinga de sangue ao lembrar-me que nunca cheguei a mudar a morada da carta de condução para Lisboa. Uma multa era tudo o que não precisava. Obviamente que reparou naquilo, mas num misto de preocupação, não fosse eu ser apanhado numa operação-stop (!?), disse-me que era melhor eu alterar os dados senão podia apanhar uma multa de 60 euros. Agradeci o conselho ao meu amigo novo e fui embora. Quase duas horas depois mandaram-me parar noutra operação-stop, com os mesmos polícias. Foi dose dupla, mas o meu amigo gritou aos aos colegas "Esse já foi há pouco". E fui à minha vidinha.

Não paguei multas, mas na noite passada gamaram-me a mota. À porta de casa. Foi uma despesa um pouco maior do que os 60 euros que me foram poupados no dia anterior. Em relação ao Sr. Ladrão,  se isto fosse realmente inevitável, porque não ma roubou há um mês quando ela me pifou e me fez gastar mais de 200 euros na oficina? Sempre me poupava esse dinheirinho que tanto jeito me daria para, sei lá, pagar contas. Neste momento, deixa-me ver como explico isto... neste momento desejo carinhosamente que o ladrãozeco se esbardalhe com os dentes na beira do passeio. Mas não desejo que ele parta apenas os dentinhos. Desejo que eles entrem pela gengiva acima para complicar mais a coisa. Podia ser aqui nas redondezas, para ver se o eléctrico lhe trilhava a pontinha dos dedos. Todos. Vantagem, deixava de ter impressão digital para futuros roubos. 

E eu que tinha tantos planos para a próxima semana com ela... Hoje rezarei por ti, estejas inteira por essas ruas fora, ou aos bocados numa garagem qualquer. Sendo esse o caso, que ao menos dês vida a novas motas. Sempre fui adepto da doação de orgãos. 
Em memória da Fly, aqui fica a nossa música.