segunda-feira, janeiro 05, 2015

As notícias que eu não quero ler

Há dois meses estava a meio da minha viagem à Índia e Nepal. Hoje as memórias continuam vivas, apesar de parecerem remotas, talvez pela ânsia de estar a pensar numa próxima viagem pois quase jurava que já tinham passado uns 6 meses.
Uma das maravilhas de viajar é o abrir dos horizontes, é a possibilidade de tirarmos as palas que nos restringem a visão e olharmos em volta, conhecer pessoas e culturas diferentes e acima de tudo compreender que não somos mais do uma mera formiga no mundo e que na verdade a nossa passagem é breve e praticamente insignificante, pois o mundo continuará a girar mesmo depois de já cá não estarmos. Ao viajar olhamos para as pessoas de uma forma diferente, vemos com os nossos próprios olhos que dividimos este planeta com pessoas tão diferentes das que estamos habituados a lidar na azáfama do nosso dia-a-dia e reformulamos conceitos que assumíamos como certos nas nossas vidas - o bom, o mau, o certo, o errado, o amor, o ódio. 
Do alto da minha presunção ocidental, seria previsível assumir que a minha forma de viver é a mais correcta, mas uma viagem à Índia é inevitavelmente, perdoem-me o cliché, um abrir de olhos. 

Hoje percebo que as notícias, os sites na internet e as redes sociais estão cheias de referências ao que se passa no mundo, e por nunca ter estado em quase lado nenhum, mudo de canal ou não abro os links, pois é uma realidade que não é a minha e por esse motivo não me suscita grande curiosidade. Agora de repente, parece que todos os dias encontro alguma coisa sobre a Índia ou sobre o Nepal e por ter lá estado, abro imediatamente as páginas para ler o que se passa por lá. E infelizmente encontro notícias que me deixam um pouco angustiado. Já tinha noção que a taxa de violação na Índia era altíssima, mas o preocupante é que continua a aumentar. Em Nova Deli os casos de violação aumentaram um terço em relação ao ano passado e soube-se agora do caso de uma estudante japonesa que foi raptada e violada repetidamente por um grupo de homens em Calcutá e Bodh Gaya durante mais de um mês. É agoniante pensar que isto acontece com naturalidade algures no nosso planeta e pouco ou nada podemos fazer, até porque, numa escala bem menor, isto também acontece nas nossas cidades e nos nossos bairros. 
Isto é preocupante, mas e agora?

Ler aqui e aqui.




Sem comentários: