sábado, abril 19, 2008

Partida... (parte 1)

Respira fundo
Subitamente
viras-te do avesso
Sustém a respiração
Aguenta mais um

segundo

Por muitas horas que o sejam
Desfazer-se-ão em pó
E espalhadas pelo chão
Desintegradas
engole-as de um trago só

Tem calma, respira

Não levará mais de um segundo
Quando todo o tempo do mundo
Se abreviar
num dobrar de esquina
Nunca o tanto pareceu tão pouco
Nem tão pouco
suficiente
Corre, corre lentamente
Sinto-me louco

Doido, doente, maluco
Atira o relógio contra o espelho
Talvez assim ele se cale
E leve consigo a minha
ambiguidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

o teu rosto transformou-se na noite interminável
que atravessa cada tarde, cada tarde,
cada tarde interminável.


O rio de fumo que levava o teu nome
para as estrelas desapareceu dentro, de dentro
de dentro da minha tristeza.


e o teu rosto era tudo o que tinha.
e o teu nome era tudo o que tinha.
tu eras tudo. tudo.
e tudo é agora, mais do que tudo...


- José Luis Peixoto -