"Já deve ter lido muitos artigos sobre os problemas de privacidade no Facebook. Possivelmente nem lhes deu grande importância. De acordo com um estudo da Universidade de Coimbra, grande parte dos portugueses nem se preocupa com a privacidade na Internet. Neste caso, no blogue ‘There’s the thing’ de Ben Patterson, a escritora convidada, Caroline Weller, está mais interessada em falar sobre as actualizações que se tornam foleiras. A editora do jornal ‘The Huffington Post’ tenta explicar ao utilizador que o que pode achar engraçado para publicar no próprio perfil, pode perder toda a piada e até ser considerado como de falta de classe por alguns."
"1 - Imagens do seu café da manhã, do almoço e do jantar não são para estar no Facebook e, se quer publicar algo sobre a sua última refeição, certifique-se de que é algo informativo, divertido e, claro, propositado"
É que não há paciência. Tem dias em que quase conseguimos fazer o cálculo das calorias ingeridas e toda uma análise qualitativa dos repastos preparados. Quando são refeições caseiras, geralmente são para se gabar dos dotes culinários que nem existem porque o mais provável é que tenham feito pela primeira vez alguma coisa que viram no programa da Nigella. "Olhem para mim, tão sofisticado". Sabem o que seria divertido e diferente? Publicar fotografias do antes e do depois. Tipo, em modos cocó.
Quando as refeições são fora de casa, o conceito consiste em informar o mundo de forma subtil, o local onde estão alapados através de algum elemento na fotografia, locais esses, sempre chiquérrimos, porque não interessa publicar fotografias dos croissants do café do Pingo Doce.
Neste segmento apenas são aceitáveis fotografias tiradas às incursões gastronómicas do Pedro, não pelo requinte da coisa (até porque a única coisa que me acerta sempre é cozer massa), mas pela alta probabilidade dessa poder ser a última refeição que farão. Para sempre.
"2 - Fotos de grupo com os pés a formarem um círculo. Esta parece ser a última tendência no Facebook, de acordo com Carolina Weller. Para a editora, pode parecer divertido mostrar as sandálias novas mas, na maioria das vezes, tudo o que se vê são os “dedos de salsicha e o verniz lascado”.
Confesso que este tipo de publicações não dominam os murais dos meus amigos, mas eu aproveito para introduzir uma temática semelhante: as fotografias de pés na praia. Esse flagelo da sociedade, pelas mais variadas razões. Reforço os "dedos de salsicha", mas gostaria de mencionar as depilações mal feitas, as unhas por cortar e em última instância, a infelicidade de terem ido para a praia sozinhos e por essa razão, terem de tirar, a si próprios, uma fotografia em que apenas aparecem pés, areia e mar. Para além de toda a falta de sentido estético da coisa, todos aqueles que publicam fotografias destas na praia em momentos em que estamos fechados nos nossos locais de trabalho, deviam ser queimados em praça pública.
"3 - Mensagens enigmáticas (ex: “Estou em choque!”)
Isto incentiva mais os revirares de olhos do que comentários e pode mesmo fazer com que fique mal visto no seu grupo de amigos"
Para estas pessoas, um tabefe bem dado nas trombas. Não é que as pessoas não saibam explicar ou descrever a coisa que lhe está a acontecer. É mais pela urgência desmesurada de comunicação com outro ser vivo que tenha um perfil no facebook. Detesto pessoas carentes que o demonstrem em praça pública e implorem por mensagens e "likes". É como se pedissem "Por favor, comentem para eu poder explicar o que se passa". Estas pessoas geralmente apenas têm amigos virtuais e perdem a virgindade aos 40.
"4 - Um ícone emotivo quando presta condolências a um amigo que está de luto
Um simples :( não é a melhor forma de prestar o seu respeito. Convém fazê-lo pessoalmente ou com o uso de palavras, de forma cuidada"
Já ouvia dizer, se não temos nada de relevante para dizer, mais vale ficarmos quietinhos. E sobretudo não colocar "Gosto" neste tipo de publicações, nunca se sabe bem com o que estamos a lidar. Eu pelo menos acho que é capaz de ser deselegante dizer que gostamos na notícia que o cão fugiu de casa, que tivemos um acidente de carro ou que nos morreu a Avó.
"5 - Calão de Internet em demasia...
...Como “LOL” e “LMAO”. Um “LOL” usado demasiadas vezes pode fazer com que os seus amigos deixem de fazer comentários ou enviar mensagens"
Já não sei o que dizer, e apesar de estar com cara de carneiro mal morto, vou pôr "LOL" para as pessoas perceberem a minha alegria contagiante que não tenho, na realidade. Típico de quem é pobre de vocabulário. Agradece-se que se ofereçam livros a estas pessoas pelo Natal.
"6 - Muitas fotografias em que está claramente embriagado
Todos nós gostamos de uma ‘happy hour’, mas tenha cuidado com as fotos que publica. Se tiver fotos a mais onde segura uma fatia de limão ou um adereço ridículo, que possivelmente comprou a um vendedor de rua, o melhor é começar a apagar ou tirar a identificação da imagem"
Tiaras, óculos gigantescos, colares que brilham e outros adereços que se vendem no Bairro Alto estão proibidos. É só parvo. E se por acaso se lembrarem de publicar alguma infame fotografia em que eu apareça igualmente embriagado, é bom que a tornem privada, percebem?
"7 - Publicações de pensamentos muito pessoais
Pergunte sempre a si mesmo se quer realmente anunciar um pensamento super secreto ou uma confissão profunda para todos os seus amigos, familiares e colegas de trabalho no Facebook. Claro que pode sempre excluir um post, mas quando se trata desta rede social, “mais tarde é sempre tarde demais”.
São pessoas que não se contêm. A informação jorra em jactos pela boca fora. Guilty.
"8 - Viagens sobre a sua última causa
O activismo está por toda a parte no Facebook. Se quiser transformar o seu perfil num palco virtual ou criar uma página para a sua causa favorita, força. Mas escrever algo como "Eu sei que 97% de vocês não vão passar o presente, mas os meus amigos verdadeiros vão" não é muito convincente e torna-se manipulativo e detestável"
Mais um exemplo de quem merece uma chapadinha nas bochechas. Eu recuso-me a propagar este tipo de informação, nem que prometa 0,05 cêntimos por cada partilha. Sim, porque todos sabemos que isso é realmente fidedigno. Ainda para mais, é petulante as pessoas assumirem que uma alta percentagem dos seus amigos não vão ligar nenhuma a uma causa que consideram extremamente importante. É caso para dizer que precisam de arranjar amigos novos.
"9 - Fotografias tiradas com um telemóvel a si mesmo a fazer beicinho para um espelho.
Estas fotografias tiradas a si próprio podem parecer-lhe arte, mas tudo o que os outros vêem é alguém que está sozinho, numa pequena casa de banho, a tirar fotos. Pior ainda, as suas imagens mais reveladoras podem ir parar aos cantos mais sórdidos da Internet e boa sorte para as retirar de lá. Uma dica: não o faça"
Um clássico. Fotografias apenas com a toalha enrolada à cintura. Rapazes a levantar discretamente a t-shirt para se ver os músculos abdominais. Raparigas a espremer quanto mais podem as mamas para parecerem maiores. Uma dica: é natural que quando nos esforçamos muito para ter um corpo fabuloso no ginásio e fazemos uma alimentação controlada que fazemos questão de partilhar com o mundo em fotografias anteriores, sintamos necessidade/vaidade em mostrar ao mundo. É legítimo. Mas para isso, tentem fazê-lo de forma discreta. O 'show-off' é repelente. Publiquem uma fotografia na praia com amigos ou que não tenha sido tirada com o braço esticado. Não soa tanto a desespero. E já que falamos de praia, por favor, evitar fotografias deitados na areia molhada com a água a bater e com um olhar sedutor. A pose "Pequena-sereia" só fica bem à Beyoncé e, lá está, à Ariel.
Já agora, esqueceram-se da razão nº 10, mas deixo-vos com uma fotografia dos meus pés. Só porque me apetece e porque os tinha lavados.