sábado, novembro 23, 2013

Margarida


Hoje passei a manhã a pensar nos imensos problemas que tenho na vida. A questionar as minhas  escolhas na vida, a queixar-me do ordenado que ganho e dos impostos que pago, a reclamar deste inverno que ainda agora começou, a lamuriar a minha incapacidade de terminar as coisas que comecei, a pensar que tenho de ir ao supermercado e ao vidrão e não me apetecia nada. 
E ao início da tarde avisam-me que a Margarida morreu. Aos 15 anos, vítima de cancro na cabeça. Não, não é justo. Nem ela, nem a família, nem os amigos mereciam uma coisa destas, é duro demais. "Tanto merdas aí que só são trampa na sociedade e vai uma miúda de 15 anos que era um doce", disseram-me por mensagem, em tom de revolta. Pois, eu também não compreendo. E irritam-me tremendamente estes desalinhos do universo.
Ao pé disto, tudo o resto são pequenas merdinhas. 

Ficaremos com o teu sorriso maravilhoso, Margarida.


quinta-feira, novembro 21, 2013

O meu dia foi uma maravilha

  • Entrei às 7h da manhã e deixei  uma cama quentinha em casa a chorar por mim.
  • Tive várias (demasiadas) pessoas a faltar hoje aos treinos e eu adoro ficar à espera de pessoas que nem chegam a avisar que não vão.
  • Cheguei a casa após 11h e meia no trabalho e percebi que os telemóveis ficaram abandonados no office.
  • Tentei cozinhar salmão para o jantar que ficou todo aos bocados.
  • Os legumes que tentei fazer para acompanhar queimaram.
  • Pus batatas no forno para acompanhar os bocados de salmão que consegui resgatar, mas deixei-as cair, ficando no chão, misturadas com estilhaços do prato onde estavam a assar.
  • Tenho a casa para limpar mas tenho dores nas costas.


Sendo que quase metade das coisas que referem-se a trabalho e a outra metade aos meus dotes e habilidades na cozinha, decidi não querer saber mais de trabalho nem de telemóveis hoje e comer bolachas, sentado no sofá, quietinho, para não correr o risco de fazer mais porcaria. Para piorar, não há chocolate em casa. Mas eu vou sobreviver. Espero.

quarta-feira, novembro 20, 2013

Uma Reclamação, Uma Celebração e Uma Obrigação

Hoje paga 1, leva 3. 

Começo pela Reclamação:

Para ter os nervos à flor da pele basta ver um jogo da seleção de Portugal. Para ficar com os nervos ainda mais à flor da pele basta juntar redes sociais a isso. Por esta altura já poucos portugueses desconhecem a infeliz campanha que a Pepsi na Suécia resolveu realizar nas redes sociais, que basicamente consiste em aniquilar o Cristiano Ronaldo, seja amarrando-o numa linha de comboio, através de voodoo ou esmagando-lhe a cabeça com uma lata de pepsi.





Tudo coisinhas bonitas. 
Ok, eu confesso que adoro um bom humor negro de vez em quando, mas eles arriscaram  e aconteceu o que eles não queriam. Aborreceram a fera e todos sabemos que o Cristy fica pior que o Hulk quando lhe pisam os calos. E pimba, foram 3, só para não  se ficarem a rir. 
A Pepsi em Portugal veio logo desculpar-se, também nas redes sociais, não fez mais do que a sua obrigação, apesar de já nada apagar o que havia sido feito. De qualquer modo, eu já não bebia Pepsi mesmo.



 Agora a Celebração:

ESTAMOS NO MUNDIAL, PORRA!

Não seríamos Portugal se não sofressemos até ao final! O Ibrahimovic ainda quis assustar, mas nós apreciamos mil vezes mais as vitórias sofridas. Sempre fomos assim, um país que vai do drama à euforia num tirinho. Mas vá lá, o nosso fado era mesmo estar presente no Mundial de 2014 no país irmão. Até já tenho planeado na minha cabeça como será a trajectória toda. Passamos em 2º lugar no grupo inicial, com uma vitória garantida nos últimos minutos do 3º jogo, depois apanhamos a Inglaterra ou a Holanda nos oitavos de final já que costumam ser presas habituais e que só nos ganham mesmo se fizerem Voodoo à séria.  Nos quartos de final arrumamos com a Argentina com um hat-trick do Ronaldo só para mostrar quem manda na zona. Para as meias-finais reservei a França porque temos contas a acertar com esses gauleses. Para a final, claro, fica o Brasil e o Pepe vai marcar o penalti decisivo, que vai bater nos dois postes e entrar. 


Termino com a Obrigação:

É IMPERDOÁVEL o Cristiano não ganhar a Bola de Ouro este ano. Não ganhou a Liga Espanhola nem a Liga dos Campeões, é verdade. Mas o minorca ganhou a Bola de Ouro numa época em que o Barcelona ganhou menos troféus que o Real Madrid, portanto não me parece  argumento muito válido. Por muito bom que seja o Messi, e é, não compreendo como é que tem 4 Bolas de Ouro contra apenas uma do Cristiano. Digam o que disseram, o Cristiano é um jogador mais completo, é que nem há discussão nesse assunto. E  nem vou falar de outros possíveis adversários para o prémio porque nem faz sentido  meter mais nenhum ao barulho. Não querendo ser pessimista, tenho dúvidas, ainda assim, que o prémio vá para ele. Mas elogio-lhe a atitude enquanto jogador dentro de campo e como homem fora dele, mesmo com Blatters e Platinis da vida desejando sem grande segredo que não seja ele a ganhar, mais uma vez. 


As estatísticas mostram tudo. E os recordes, esses, "são para ser batidos". Venham mais alguns!



terça-feira, novembro 19, 2013

Tributo a Joni Mitchell



No passado dia 14 fui ao CCB assistir ao concerto de tributo a Joni Mitchell. Confesso que não sou um fã acérrimo da cantora,  por não lhe conhecer a discografia e descobri há pouco tempo que é artista plástica e que pinta quadros maravilhosos, como este que aparece no bilhete do concerto e que eu adorava ter na minha sala, mesmo antes de saber que tinha sido pintado por ela. Na verdade não sei porque nunca me deu para explorar o mundo fabuloso de Joni Mitchell, já que as 4 ou 5 canções que lhe conheço são absolutamente fabulosas.  Aguçada a curiosidade, e juntando-se o facto deste concerto contar com um elenco maravilhoso, comprei o bilhete sem pensar duas vezes e fui até ao CCB na passada quinta-feira. Não estava lotado, o que digo já, foi uma grande pena. Corrijo, um desperdício.
Não conhecia a maioria das canções, é verdade, mas fui de coração aberto e foi dessa forma que as 10 cantoras pegaram nos temas da artista homenageada. 
Toda a gente sabe da minha adoração à Luísa Sobral e à Ana Bacalhau, mas seria completamente injusto atribuir-lhes os pontos altos da noite, isto porque é difícil escolher apenas um. "The Circle Game" foi brilhantemente interpretado pela Aline Frazão, Cati Freitas e pela Fábia Rebordão (a Fábia está magra, linda de morrer e com a mesma voz arrasadora que lhe conheci na Operação Triunfo), a Manuela Azevedo cantou "A Case Of You", recentemente interpretada pela Ana Moura no "Desfado". A Márcia, a Luísa Sobral e a sua harpa tornaram o "River" num momento de arrepio.  A Luísa já o havia feito quando no Natal passado se lembrou de juntar imensas cantoras portuguesas para uma versão dessa canção, mas ao vivo e num ambiente intimista, ganha dimensão diferente. A Sara Tavares, igual a ela própria, conseguiu cunhar as músicas que interpretou com o calor e o ritmo que lhe corre nas veias. Foi g-e-n-i-a-l! Por tudo o que esta canção significa para mim e pela soberba  entrega da Amélia Muge, posso confirmar que foi o momento do "Both Sides Now" que me emocionou ao ponto de me deixar de olhos humedecidos. 
Já com todas as cantoras em palco e com a própria Joni Mitchell a cantar em pano de fundo num vídeo de 1966, terminaram com o "Just Like Me". 

Obrigado por se terem lembrado. Saí do CCB com o coração cheio.