Já passou um ano desde a minha última ida ao cinema. Não que eu não goste, mas porque é algo que eu sou incapaz de fazer. Passo a explicar: herdei do Avô Zeca e da Julianinha a incapacidade de me manter acordado mais de 5 minutos sempre que me sento num sofá. Mas ontem foi diferente. Estava bastante entusiasmado com "A Gaiola Dourada" pelas mais variadas razões. É um filme passado em Paris, aquela cidade pela qual me apaixonei, perdoem-me o cliché, no ano passado quando a visitei pela primeira e até agora, única vez. É filme sobre portugueses e com portugueses. É um filme que apela aos sentimentos que nos são familiares, às nossas raízes, ao fado, à saudade. Não tendo a dimensão internacional do emigrante português em França, consigo rever-me um pouco nessa mescla de sentimentos, afinal de contas, estou fisicamente distante da terra que me viu nascer e daqueles que me são queridos. Eram mais do que ingredientes necessários para me fazer querer estar no primeiro dia de exibição do filme. E assim foi.
E apesar da expectativa já ser elevada à priori, o filme conseguiu surpreender-me ainda mais do que aquilo que eu esperava. A fotografia está maravilhosa, os cenários estão soberbos, os planos geniais. Quem preste atenção aos pormenores vai conseguir encontrar a portugalidade a cada cena que passa. Desde o jornal "A Bola", a cerveja Sagres, um retrado da Amália sobre a cama, o assento com bolinhas de madeira no banco do carro, entre muitos outros.
Quem vê o filme pensa que não podiam ter sido escolhidos melhores atores para as personagens. Parece que foi escrito de propósito para eles - Rita Blanco, Joaquim de Almeida, Maria Vieira são provavelmente os nomes mais conhecidos, mas há espaço para todos brilharem.
Entre a nostalgia, a emoção e a gargalhada sincera, saí do cinema com um sorriso e uma leveza de espírito. E agora até decidimos que se vai falar francês no Principado da Sé!
Je suis enchanté!
Sem comentários:
Enviar um comentário