Segundo dia em Jaipur e ainda tanta coisa para ver. Às 9h o
Babu (é assim que se escreve o nome e não Baboo) estava à nossa espera à porta
do hotel no seu tuk-tuk com a sua já habitual pontualidade britânica.
Primeira paragem: Templo dos Macacos
Não foi preciso chegar ao lugar para perceber que estávamos
perto, a caminho da montanha onde eles vivem começaram já a aparecer uns poucos,
a saltar e a catarem-se uns aos outros. Segundo o guia que nos levou montanha
acima existem cerca de 5000 macacos, mas apenas um salta para o ombro dos turistas
à procura de amendoins. Se era verdade ou não, não faço ideia, mas a questão é
que tivemos um macaco a saltar para cima de nós como se nos conhecesse desde
sempre. O homem que nos guiou lá nos ensinou como dar os amendoins e prometeu
que não seríamos agredidos pelos macacos apesar de eles atacarem pessoas de vez
em quando. Fiquei descansadíssimo. Principalmente no topo da montanha quando
tínhamos uma enxurrada de macacada à nossa volta loucos para nos tirar os
amendoins das mãos. Nada de extraordinário, só fui arranhado por um macaco que
estava atrás de mim e que achou que eu estava a ignorá-lo, então ele atirou-s e
às minhas pernas. Está filmado e o frame é logo o primeiro desta sequência de fotografias, não era minha intenção andar com a perna torta, tinha era acabado de ser agredido pelo maldito macaco mas não o pude insultar porque estava no seu templo e eles até têm um Deus próprio e eu prefiro não me meter com eles por vida das dúvidas. Agora além de marcas de mosquitos tenho marcas de macacos.
Espero não me cruzar com tigres.
Até o topo da montanha fomos passando por pequenos templos e mesmo lá em cima uma senhora pôs-nos uma pinta na testa e uma pulseira de boa sorte, espero que assim seja para o resto da viagem.
Segunda paragem: Forte Amber
Trata-se de um palácio fortaleza que foi uma cidadela dos reis Kachhawaha, obviamente tive de me socorrer do guia para escrever este palavrão. Temos de recuar até 1592 para a relembrar a data da sua construção. É de uma imponência extraórdinária, aliás, imponente é o adjectivo que mais utilizo para descrever as coisas que andamos a ver nestes dias. A partir do forte vemos um jardim no meio do lago Maota, o Kesar Kyari Bagh com canteiros em forma de estrela. As janelas rendilhadas existem por todo o forte e eu estou completamente apaixonado com as "jalis", o nome que dão a essas janelas. Cada recanto deste forte está carregadinho de histórias para contar, é uma sensação óptima, se aventura e adrenalina poder andar pelos corredores, pelas divisões, pelas janelas e pelos pátios que já contam com mais de 4 séculos de vida.
Podíamos optar por subir o Forte de elefante mas decidimos não o fazer porque queríamos poupar e ao mesmo tempo que me apetecia fazê-lo, fui assolado por um sentimento de culpa porque sentia que podia estar a compactuar com a utilização dos elefantes para este fim, quando eles deveriam estar em santuários (que o Babu nos quis levar mas não tivemos tempo) a viver as suas vidas alegremente.
Terceira Paragem: Gatore Ki Chhatriyan
Esta paragem não estava bem planeada, foi quase em cima do joelho e nem sabemos bem do que se trata, é um conjunto de tumbas parecidas às tumbas reais que vimos ontem, mas não tão mágicas, talvez por estarem com um ar abandonado e um pouco maltratado. Na verdade não estava quase ninguém lá e os cães e os macacos pareciam dominar o pedaço. Mas era um espaço muito, muito, muito bonito na mesma. Depois de tanta coisa maravilhosa começamos a ficar exigentes!
Todas as fotografias em que eu e o Rúben aparecemos com pessoas desconhecidas são pessoas que pediram para tirar fotografias connosco como se de estrelas de cinema nos tratássemos. E se elas pedem fotografias com ocidentais, eu peço com eles todos também. Esta última fotografia foi com uma família enorme que quis tirar fotografias um a um, até nos puseram bebés ao colo com óculos de sol e nós não tivemos tempo de dizer "piu". No final, para minha recordação, veio a selfie com a família toda, São tantos que o Rúben mal aparece.
É incrível o grau de pureza dos indianos.
Depois fomos para o hotel antes de partir para Agra, onde escrevemos no caderno de recordações do Babu. Antes da despedida ele abriu o livro e perguntou em que língua tínhamos escrito e percebemos que apesar do seu inglês perfeito ele não sabia ler. O Rúben rapidamente se ofereceu para ler ao que ele acedeu de imediato. Ficou contente e assim nos despedimos. Fiquei com o contacto de whatsapp mas as mensagens terão de ser faladas em vez de escritas, tal como faz uma rapariga alemã com quem ele comunica desde que se conheceram em Jaipur. Pôs.me a ouvir uma dessas mensagens, cá para mim houve ali paixoneta.
Neste momento escrevo de Agra, após um atraso de mais de uma hora no comboio. Já são 2 da manhã aqui e amanhã acordamos cedo novamente para conhecer a cidade do Taj Mahal.
Mãe, descansa, só sangrei um bocadinho por causa do macaco.
Manda um beijo ao pai e aos avós! Ah, e mandei-te um e-mail da easyjet. Gostas que te escreva por aqui onde outras pessoas podem ler, Julianinha?