Chegámos ontem à noite e a estação de comboios estava cheia de condutores de táxis e tuk-tuks doidos por clientela. Como nos foi avisado por pessoas e guias turísticos, não nos dirigimos a eles e procurámos antes um ponto de turismo. Estava fechado. Após 3 tentativas quase forçadas por parte de um condutor de tuk-tuk, acabámos por aceitar ir com ele, borradinhos de medo que nos levasse para uma rua qualquer e nos assaltasse, seria muito fácil isso acontecer. O Rúben avisou-o que não queríamos paragens pelo caminho e logo quase de seguida ele parou, mas só para gasolina, no entanto estivemos alerta porque aquilo ainda era escuro e tinha muita gente. Depois ainda falou ao telefone na sua língua e na minha cabeça só ouvia "ele está a ligar para os comparsas dele que se estão a preparar para atacar de surpresa o nosso tuk tuk e levar-nos as jóias, o carro e a casa". Mas não. E após alguns caminhos muito conturbados de terra lá chegámos ao destino. Afinal ele era sério e o meu medo foi infundado. Tanto que acordámos logo com ele vir-nos buscar hoje de manhã para nos levar aos melhores sítios de Jaipur por apenas 500 rupias por dia, à volta de 5 euros a dividir por dois para um guia turístico, nada mau. E assim foi!
Hoje à hora marcada lá estava o Baboo, o nosso novo amigo, à porta do hotel à nossa espera no seu tuk-tuk que ele próprio decorou com duas frases épicas, a primeira que deixa antever que a namorada dele teve de pô-lo na ordem, a segunda a comprovar o que já tenho reparado em apenas 3 dias de Índia. Um reaprender a confiar.
1 – Jantar Mantar
Já havíamos estado no Jantar Mantar de Delhi, uma colecção
de objectos arquitectónicos destinados ao estudo da astronomia e astrologia,
mas aqui em Jaipur eles dão 10 a 0 ao de Delhi. Edifícios imponentes através
dos quais se podem determinar a hora do dia com uma margem de erro de 20
segundos e determinar horóscopos. Aliás, existe uma estrutura destinada a todos
os signos do zodíaco, cada qual orientado para o seu astro. Hoje em dia não
passam de pedaços de história extremamente bem conservados. Foi um bom começo.
2 – City Palace
Logo ao lado do Jantar Mantar, foi a residência dos reis de
Jaipur desde o início do século XVIII. É bem bonito e eu podia passar lá umas
feriazinhas.
3 – Sragasuli Tower
Aqui nunca teríamos chegado se não fosse o Baboo, já que
isto não aparece no guia e não tem uma indicação propriamente fácil de
perceber. Trata-se de uma torre do cima da qual se tem uma vista maravilhosa da
cidade cor-de-rosa, como Jaipur é conhecida. Tudo bem, a torre é fácil de
detectar, ela é enorme. Se calhar até não teria sido difícil chegar lá agora
que penso bem. Podia até voltar atrás e reescrever isto, mas agora é tarde.
4 – Hawa Mahal
Este edifício tem uma fachada maravilhosa e em muitos momentos
lembrei-me do Aladino e da Jasmine, tendo dado por mim a cantarolar versos em
inglês e em brasileiro da música “A Whole New World” já que não sei a letra inteira
de nenhuma das versões. Segundo o guia, a estrutura foi construída de forma a
que as mulheres do harém, provavelmente de algum marajá, pudessem espreitar
para a rua sem serem vistas. É conhecido pelo palácio do Vento já que a
estrutura com buraquinhos na parede permite que o vento entre e arrefeça o seu
interior nos dias de maior calor. Isto foi sugerido pelo Rúben e confirmado
pela Wikipedia, portanto vamos confiar.
5 - Templo Hindu e Hora do Almoço
Visitámos um templo hindu que não faço a ideia do nome, foi
uma sugestão do Baboo e lá fomos nós. Não era particularmente imponente tendo
em conta o que já tínhamos visto antes, mas dava jeito porque o restaurante que
o Baboo nos ia levar a almoçar era mesmo ao lado. Daí eu ter usado apenas um título para ambos os acontecimentos. A ver se nenhum Deus me castiga.
Hoje foi
o dia de começar a achar que já não vamos apanhar problema algum por comer seja
o que for. Ao pequeno-almoço já tínhamos arriscado no hotel num buffet algo
rudimentar servido num terraço bastante
agradável e ao almoço atirámo-nos destemidos ao que nos puseram à frente.
Passada muitas horas, e já com o jantar no bucho num restaurante aqui ao lado
que para lá chegar temos de atravessar caminhos de terra, nada de mau aconteceu.
Estamos vivos e felizes. Quer dizer, o Rúben está a dormir enquanto eu sou
devorado por mosquitos no terraço, já que não há internet no quarto. Sim,
afinal o meu sangue não é assim tão ruim e hoje de manhã contei pelo menos 30
picadas diferentes nas pernas. Malária, que sejas bem vinda.
6 – Royal Tombs
Não encontrei nada disto nos guias e no entanto é um sítio maravilhoso.
Não sei grande história, mas estas estruturas situam-se entre duas montanhas de
onde descem muralhas de um forte e por isso estão relativamente distantes de
prédios e casas. É um lugar muito especial, deu para sentir muita paz e
serenidade interior. É absolutamente deslumbrante.
7 - Jal Mahal
Deu ainda para visitar, ao longe, um palácio no meio de um
lago ao qual não se tem acesso. Segundo o Baboo, a estrutura afundou e debaixo
de água existem mais 6 ou 7 andares, mas o governo não permite que se explore
para turismo por já terem morrido pessoas no lago que tentaram lá chegar. E
tendo em conta a água pouco fresquinha que o circunda, eu consigo entender a
razão de tais falecimentos. As pessoas foram certamente devoradas por um
monstro lacustre. Eu acho um desperdício. Tirava-se os mosquitos, arranjava-se um bote e imagino as festas.
Enfim, foi um dia muito preenchido e repleto de informação e
sensações nunca antes vivenciadas.
Jaipur está a corresponder às expectativas, e muito graças
ao Baboo que amanhã cá estará novamente às 9h à nossa espera para mais um dia
super preenchido.
Agora é hora de ir dormir porque estão 3 osgas verdes
enormes na parede da frente a olhar para mim e cada vez que volto a olhar para
elas, parecem-me cada vez mais perto. E até tenho alguns mosquitos nas pernas.
1 comentário:
gostei muito bonito isso tudo ai , divirtam-se e vão dando noticias ok abraço aos dois
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