quarta-feira, setembro 24, 2014

As Praxes, Sempre as Praxes


Há pouco ao regressar a casa passei pelo Rossio. 
Estava cheio de gente.
Metade dela trajada à morcego, a outra metade com a cara rabiscada ou semi-nus.
Porquê? Eu me pergunto.
Os semi-nus estiveram claramente a nadar nas fontes do Rossio. Foi super divertido. Aliás, eu quase tive de parar a mota para me rir de tanta diversão junta. 
Uma rapariga trajada decidiu atravessar a estrada sem se preocupar com os carros que passavam e eu perdi uma belíssima oportunidade de contribuir para a minha própria felicidade atropelando-a violentamente, não apenas por estar trajada, mas por ser uma cidadã idiota que muiro provavelmente estaria com níveis de álcool no sangue que deveriam impedir pessoas de sair à rua e colocar em risco a sua vida e de outros.
E de repente desejei secretamente, no silêncio do meu pensamento, uma enchurradazinha como a de há dois dias na Baixa lisboeta, Ou então uma ondinha de Sesimbra, daquelas que arrastam pessoas do Rossio até ao Parque Eduardo VII. Que divertido seria vê-los a rebolar avenida acima como se fossem roupas numa máquina de lavar. Pronto, já estou a sorrir. Deviam chamar-me para organizar praxes académicas, eu estou cheio de ideias maravilhosas, a maioria delas inclui debulhadoras descontroladas,  pianos de cauda a cair de prédios e lança-chamas em fábricas de produtos inflamáveis. Bem mais giro que mergulhos em fontes públicas, se bem que deve ser giro ver as alergias na pele no dia a seguir. 

(cartoon Henrique Monteiro)

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