terça-feira, abril 28, 2009

"Love is a doing word"

Já procurei saber o significado do amor e todas essas tretas, mas sinto-me cada vez mais patético quando penso nisso durante mais de 5 minutos. Lembro-me de, ainda muito novo, querer ter 18 anos, era essa a idade que eu julgava ser a ideal para namorar sem dar satisfações a ninguém e nas minhas imagens havia sempre um sol brilhante, mãos dadas e sorrisos verdadeiros. Na altura em que para mim o amor apenas tinha a definição das histórias da Disney, isto até aparecer a Pocahontas, que para mim foi um choque, pois percebi que se calhar nem sempre havia um final feliz nas histórias de encantar. Talvez por influência de "A Bela e o Monstro", do "Aladino" e do "Rei Leão", fui crescendo a acreditar em finais "Happily Ever After", até os dias de hoje.


Entretanto novas aventuras fui assistindo e vivendo à medida que os anos foram passando. Vi amigos meus curtirem de livre e espontânea vontade sem se deixarem apaixonar. Vi gente a escrever cartas para amores platónicos. Vi gente a deixar-se ser pisada "por amor", diziam elas. Vi também apaixonarem-se pelas pessoas erradas e até gente a trocar de poiso todas as semanas por não saber lutar por outra pessoa. Muita "tentativa e erro", muita cabeçada na parede. Vi muitos a descuidarem-se do(a) respectivo(a) apaixonado(a), uns sem saber, outros com intenções absurdas de minimizar a importância da pessoa como indivíduo. Vi gente a casar-se e casamentos a se desmoronar. Vi gente com medo, gente conformada e gente apática. Conheço quem não tenha uma réstea de esperança no amor puro e quem se tenha rendido ao calor da noite para "One Night Stands". Uma atrás da outra, perdendo todo o respeito por si próprios, como se se tratassem de remendos para carências afectivas ou constantes relações falhadas. Assisti muitas vezes ao sofrimento alheio e rios de choro sem no entanto compreender a grandiosidade de tais picadas no coração. Aprendi que se pode morrer por amor sem ser preciso recorrer ao suicídio. Vi muita gente fechar portas e janelas ao amor e muita outra a despir roupas e abrir pernas como quem troca de camisa, só para alívio físico. O que não é amor. Conheço todas as convenções e conveniências do amor, existe quem o tente comprar, quem o tente suportar, quem o tente forçar. "Ama-se" porque calha bem e precisam pagar a casa ou educar os filhos. As pessoas que já amaram nunca esperam menos do que aquilo que já tiveram anteriormente e com isso restringem cada vez mais as suas opções. Ontem soube de um amigo casado que foi "encontrar-se" com outra mulher e senti uma revolução no estômago por ainda por cima gabar-se disso. Vejo muita gente a desacreditar no amor e a não lutar por ele, o que me aborrece até às entranhas.


Também eu tive as minhas "tentativas e erros", mas sempre achando que havia encontrado a pessoa certa, de outra forma não conseguiria envolver-me. Pelo meio fiz asneiras, fizeram asneiras comigo, fui amado pela metade ou nas alturas erradas. Apostei nos últimos anos na sinceridade e na "não omissão", na verdade e no risco das cordas bambas que fui encontrando pelo caminho e aprendi a lutar pelo que realmente vale a pena.


Somando os anos de casados dos meus avós maternos e dos paternos, encontro um bonito valor que transborda os 3 dígitos e faz-me acreditar que se calhar ainda há um raiozinho de sol e a possibilidade de finais felizes. Gostava de ser como eles, ter alguém com quem pudesse recordar os anos que passámos juntos, com todas as aventuras, viagens, planos concretizados, sonhos sonhados. Até as brigas e discussões que anos volvidos chegam à conclusão que foram em vão. São uns heróis para mim.


Hoje, 6 meses. E já com muita coisa para contar.

13 comentários:

Rute disse...

=) Uau, que bem escrito, que esperançoso. Na procura do amor, caímos, cometemos erros, somos magoados e magoamos. Fazemos coisas sem sentido, tropessamos em sentimentos quando abrimos bem os olhos e vimos que foram ilusão.

Mas nada é como o lutar quando há verdade, na realidade não são precisas descrições quando o amor lá está, quando existe. Existem altos e baixos, as pessoas para se moldarem uma à outra tem de encontrar a melhor posição. E existem sempre arestas a limar, o saber lidar com os defeitos, com os humores, com tudo o que uma relação baseada em amor se debruça.

Mas vale sempre a pena o lutar, o conhecer, o dar de si.

Gostei muito deste post! ;)

Nuno Vrrruummmm disse...

eu acho, e por isso mesmo relato-o na primeira pessoa,
a verdade de hoje é mentira amanhã. dito isto por alguém (sim, por incrível, eu!) que acredita no A-MOR como algo ímpar, vivido a 2, anestésico, revigorante, estimulante, parceiro, desenvolto, analgésico, etc e etc e etc, é algo que se constrói, do mesmo modo que se investe na construção de uma casa. primeiro alicerçá-la bem, torná-la estável contra ventos e rajadas de inveja. depois dessa parte mais complexa, então sim, recheamo-la com os nossos toques pessoais, o nosso carinho, e nela recebemos outras pessoas que de certa forma também são construtoras de outras tantas casas.
porque a felicidade é o corolário lógico, e realmente a "felicidade só é atingida, quando partilhada".
hoje em dias usamos a palavra AMO-TE levianamente, quer pelo "fica bem", ou então pelo simples facto que são as palavras ideais para o objectivo da relação somente física.
quando falava da verdade de hoje, poder ser mentira amanhã, é que pensar no "happilly ever after" é realmente agora, e não daqui a 50anos, quando estivermos ambos de fraldas a mudar um ao outro. esse dia há-de chegar, e aí sim, podes realmente pensar "bolas, eu realmente sei o que é o AMOR"
já agora aproveito para congratular-te ;)

Luís Silva disse...

Está muito romântica esta música de seu blog :P
Happy coiso!! :)

Amadeu Mendes disse...

Que posso eu dizer? Todos - de alguma maneira - acreditamos no amor, ou pelo menos na possibilidade dele, talvez haja quem não acredite que é capaz de o ter, no seu verdadeiro estado de graça, talvez! Outros desistiram de acreditar, por choque ou falta de esperança em esperar por ele..

Concordo com tudo o que disseste, como geralmente acontece neste blog, concordar com aquilo que pensas, talvez por isso volto sempre a este cantinho, mesmo quando não comentava.

Seis meses, ou dois anos... o que importa é isso mesmo, "já haver muita coisa para contar"; e este post mostra sinceramente que sim.. isso e outros acontecimentos pela baixa da cidade que deu para observar LOL

Não te vou dar os parabens pelos seis meses, mas por tudo o que tens a contar sobre eles. E claro, por este post sincero.

Amadeu.

Anónimo disse...

já te disse que se não fosse por nada....casava contigo... tu casavas comigo....e casávamos os dois!

já tinha saudades de «te ler» assim!

concordo contigo! sinto e penso o mesmo quando olho para os meus pais....após 34 anos de vida em comum, dificuldades de toda a espécie e seis filhos....eles passeiam pela rua de mão dada, gracejam e ainda têm a capacidade de rir um do outro...sou uma sortuda por fazer parte da grande obra que eles ergueram e ..tal como tu meu querido amigo...AINDA ACREDITO que também posso construir algo assim (exceptuando a parte dos seis filhos!!) , só preciso de alguém que também acredite!!

helen garden

Anónimo disse...

Adorei Pedro.
Foi dos post mais lindos que escreves-te. Que hei-de eu dizer-te que tu não saibas já? Palavras? E que tal troca-las por experiências? Descobertas, partilhas, gestos, "o sentir o quentinho do abraço", hun? Melhor nunca estive, e és tu que pões estes dentinhos à mostra a cada sorriso quotidiano provocado. Adoro-te seu Winie.

Um beijo da tua "Susan Boyle"

GotchyaYinYang disse...

Muito bom post. Se não acreditarmos nele viveremos ainda mais infelizes. Feliz mesário! :)

laury disse...

Vou vomitaaaaaarrr.

Porque é que eu não apareço em nenhuma dessas fotos?

TER-MI-NOUAAAA

Diogo disse...

Chega a todos Pedro! Ainda me lembro quando apanhamos aquele autocarro pa Machico pra tu levantares uma passagem e para eu coiso com a minha cara-metade. Sim, digo o coiso pq agora pa todos tudo é coiso. Na altura pensava q o amor eterno era mesmo eterno (...) o que importa é o que fica pa contar. Força com isso e Parabéns

Pedro Espírito Santo disse...

Parece que voltei a ter comentários bonitos no meu antro!
Obrigado pessoas que me amam!

laury disse...

De nada meu amor. Para ti todas as palavras são poucas...
Sabia que irias dar importancia e valor às minhas palavras.

Todos os nomes disse...

verdade e bonito

RM disse...

Lindo e tão sincero. E que raro é encontrar alguém assim. Parabéns por essa sinceridade e todo esse amor que tens dentro de ti. Também eu espero encontrar aquilo que descreves aqui...