quinta-feira, janeiro 02, 2014

Coração Radiante



Estou de volta a Lisboa após uma férias maravilhosas férias de Natal e fim do ano na Madeira. É inacreditável como se valoriza mais as coisas e as pessoas quando estão longe, mas se isso for necessário, então não quero mesmo voltar para a ilha. Adoro andar nas ruas só por andar, sem destino aparente, a averiguar o que mudou e o que continua igual e a encontrar pessoas conhecidas na rua que já não via há muito tempo. Essa distância permite perceber de forma mais dramática as alterações que acontecem na vida das pessoas. Os filhos que começam a nascer, as rugas e os cabelos brancos que aparecem, as barrigas proeminentes, por outro lado, há aquelas pessoas cujo tempo passou por elas de forma  mais generosa e que as fez florescer e rasgar um sorriso mais bonito do que aquele que tiveram outrora. 
E vir à Madeira no Natal é como viver uma espécie de "Indian Summer", já que dispensamos todos os casacos e roupas quentes de Lisboa em prol de t-shirts e óculos de sol que saem novamente das gavetas para dar um ar da sua graça. Não gosto do frio, nunca gostei. Suporto-o durante uns 3 ou 4 dias, mais do que isso começa a ser uma história de terror para mim, pelo que não sei o que seria de mim a viver num país mais a norte do que o nosso. 
Tudo bem que a altura do ano tem logo à partida um potencial elevadíssimo para ser uma altura de imensa felicidade, o Natal e o fim do ano são festas levadas muito a sério por toda a ilha e ainda não encontrei sítio onde se viva com igual intensidade, mas desta vez tentei não desperdiçar um momento que fosse durante a minha estada. Dediquei algumas horas a vários bons amigos que tenho por lá e tive até oportunidade de ganhar um ou outro novo. Mesmo com vidas um pouco conturbadas por variadíssimos motivos, fui recebido por toda a gente com abraços, beijos e uma genuína saudade. Com uma poncha ali e uma ginja acolá a animar as hostes, diverti-me como nunca desde que saí da ilha.
Volto a Lisboa já com uma saudade de quem ficou por lá e com vontade de não atrasar muito o meu regresso. Volto com uma certa apreensão por sentir que a minha presença pode fazer alguma falta, não que eu seja insubstituível obviamente, mas porque me sinto um pouco responsável pela felicidade daqueles que gosto. E ao mesmo tempo que me encheram o coração, sei que deixei parte dele nas suas mãos. 
Mas é assim que sabe melhor, não é?


Sem comentários: