terça-feira, setembro 02, 2014

"Aquela casa fechada onde o sol tinha a morada e entrava sem bater"


E o inevitável adeus à Sé aconteceu. 
Desde que as férias terminaram que a azáfama tem sido imensa nesta Lisboa que não dorme. Retomar o trabalho e compensar o tempo perdido, procurar casas, agendar visitas, fazer malas, o tempo parece andar demasiado depressa para quem há 10 dias vivia um Porto Santo sem relógios nem preocupações.
Nunca nos apercebemos da tralha que acumulamos ao longo dos anos até precisarmos mudá-la de poiso. É imensa coisa. Coisas que não víamos há anos, coisas que nos fazem parar e recordar coisas boas,coisas que foram deixadas por outros, por esquecimento ou por terem querido deixar um pouco de si. Também lembra as coisas menos boas e que eu, ou o destino, se encarrega de eliminar, tornando dessa forma os caixotes e a alma mais leves. 

A casa está vazia.

É um pouco triste vê-la assim, depois de ter sido palco de tanta vida, de tanta aventura, de tantas novelas mexicanas. 

Faz eco. 

Dei por mim a falar sozinho, não por estar louco mas porque o eco me fazia companhia enquanto empacotava as coisas. Não me despedi das andorinhas hoje, já o tinha feito antes.

Há uma nova vida, um novo palácio, um novo palco à minha espera. 
Mas agora, só quero descansar.


2 comentários:

Sílvia Astride Cardoso disse...

Mudo de casa no Domingo e é para melhor mas a nostalgia de deixar para trás a primeira casa onde estivemos aqui em Hamburgo é grande. Foi parte essencial para nos sentirmos bem depois de nos despedirmos de todos. Tu, claro, tens na mesma uma cama à espera! :)

Pedro Espírito Santo disse...

Deixamos sempre um bocadinho de nós, não é?
Mas há tantas mais histórias para escrever, noutros lugares, noutras casas. Boa sorte para a vossa nova casa :)