O dia 5 desta epopeia acontece em Agra, a cidade famosa pelo
Taj Mahal, ponto imprescindível para quem viaja pela Índia. Segundo quase todos
os indianos com quem já falámos, existe unanimidade em escolher o Taj Mahal
como o monumento mais bonito do país, pelo menos o mais conhecido é de certeza.
O dono do hostel arranjou um senhor para andar connosco o dia todo de tuk-tuk com o intuito de visitar o Forte de Agra, o Túmulo de Itimad-ud-Daulah e o jardim do outro lado do rio, com vista para o Taj Mahal. Resolvemos deixar o melhor para amanhã, já que nos aconselharam a ir lá pelas 6h, hora em que abrem as portas para os turistas poderem apreciar o nascer do sol. Hoje precisávamos dormir um pouco mais, por isso resolvemos adiar. Pelo meio ficámos de passar pela estação de comboios para comprar o bilhete de volta a Delhi e após algumas dificuldades linguísticas com o senhor do tuk-tuk (não nos calhou um Babu desta vez) lá chegámos onde queriamos e após uns 45 minutos numa fila pequena na qual os indianos chegam e furam sem se importar com a ordem de chegada, percebemos que não havia bilhetes para Delhi para o dia seguinte, nem nas carruagens cheias de povo. Após um período de pânico, decidimos voltar ao hostel e encontrar a melhor forma de chegar a Delhi amanhã. Depois de vários telefonemas e de inúmeras possibilidades, nomeadamente a de comprar um bilhete para outro dia mas enfiarmo-nos no comboio que queríamos na mesma, conseguimos a solução, um pouco mais cara, de um senhor nos vir buscar amanhã de táxi ao hotel, levar-nos ao Taj Mahal às 6h, voltar ao hotel para buscar as malas, partir para Mathura onde nasceu o Deus Krishna, nome que significa "A Verdade Absoluta", parar em mais um sítio de interesse e deixar-nos no aeroporto de Delhi ao final do dia. Parece-me uma ideia brilhante, até porque vamos parar em duas cidades que nunca pararíamos se não fosse desta forma. Confesso que fico apreensivo e desconfiado com toda a disponibilidade dos indianos, mas até agora não tivemos qualquer problema. E como dizia o Babu, "Trust is Love". E nós vamos confiar que vai correr tudo lindamente.
Agora vamos ao que interessa, o que foi visto hoje:
1 - Forte Agra
Foi construído em arenito vermelho entre 1565 e 1573 pelo Imperador Akba. Não queria usar a palavra "imponente" mais uma vez mas lá terá de ser. Aqui na Índia tudo o que é monumento é realmente monumental. As paredes de algumas divisões são decoradas com pietra dura, elementos decorativos de mármore e outras pedras de cores embutidas nas paredes, também de mármore, é de uma meticulosidade e beleza estonteantes.
Há macacos à solta pelo palácio como se nada fosse e esquilos que vêm comer à mão, e sobem até por nós fora em busca da comida. Tudo coisas normais por aqui. O Rúben estava sempre a disparatar, então pu-lo de castigo virado para uma parede, como aparece na segunda fotografia. Deixei-o lá a pensar na vida e voltei meia hora depois. Vá, na verdade estivemos ambos em esquinas opostas a falar para a parede e por incrível que pareça, dava para ouvirmos o que o outro dizia. Enfim, vidas.
2 - Túmulo de Itimad-ud-Daulah
Com tanto stress e contratempo para gerir, não sobrou muito tempo para dedicar a este templo, com muita pena minha porque achei de uma beleza assombrosa, não pelo tamanho do monumento, este é mais discreto nesse aspecto, mas pelos rendilhados de mármore, os jalis, e pelo detalhe das paredes em pietra dura, que o levou a ser denominado de "caixa de jóias de mármore". Segundo o "American Express", "é o monumento mongol mais inovador do século XVII, marcando a transição entre a robusta arquitectura de arenito vermelho e a sofisticada sensualidade do Taj Mahal. Virado para o rio, temos uma vista soberba ao final do dia, apesar do rio não ser propriamente o mais limpo que já vi. E eu fiquei deslumbrado, mas teve de ser um deslumbramento rápido porque tínhamos de ir a voar para apanhar o pôr-do-sol em frente ao Taj Mahal.
3 - Vista para o Taj Mahal
A sensação de olhar para este monumento pela primeira vez é avassaladora. Mesmo a esta distância, é impressionante a beleza, a geometria, a perfeição daquela que intitulam a maior jóia da Índia. E apesar do céu ter uma neblina causado em grande parte por poluição atmosférica, a beleza do sol a desaparecer no horizonte, numa bola de fogo laranja vivo é inebriante. Os pássaros a voar em volta do Taj Mahal tornam o cenário ainda mais digno de filme. Era exactamente assim que eu imaginava o momento de contemplação do Taj, Chamo-lhe apenas Taj agora, já somos íntimos. Amanhã às 6h lá estaremos, ou seja, daqui a 7 horas e 45 minutos. Aqui na Índia são mais 5 horas e meia que em Portugal, hoje enquanto tomava o pequeno-almoço muitos amigos meus publicavam fotografias em festas de Halloween e lembrei-me que há um ano estava a passar este dia no Rio de Janeiro com a Nádia e que há 4 anos estava também com a Nádia numa festa de Halloween em Berlim o que me leva a concluir que tiro férias muitas vezes nesta altura bastante invulgar do ano. Se calhar vou tornar isso uma tradição.
A Teresinha tem como sonho fazer esta viagem que estou a fazer e pediu-me para tirar a primeira fotografia para ela e assim fiz. Não foi a primeira porque o entusiasmo tomou conta de mim, mas foi para aí a 26ª. Depois para que não ficassem de fora, mandei um beijo às Julianas. Posso ir a muito lado, mas a família vem sempre comigo.
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