Volta e meia ouvia falar deste nome, Manuel Forjaz. Talvez por estar distraído ou andar a ver a televisão errada não sabia bem de quem se tratava. No passado domingo passei perto da Igreja da Encarnação no Chiado e apercebi-me de que algo se passava, mas não prestei muita atenção, pois a julgar pelos abraços e pelas roupas das pessoas, pensei que se tratasse de um casamento. Não era. O Manuel Forjaz, esse homem que eu nunca tinha ouvido falar, tinha falecido. Apercebi-me posteriormente quando vi o facebook inundado de mensagens sobre o assunto. Continuava sem saber quem era, até assistir ao "28 Minutos e 7 Segundos de Vida" com os seus filhos, no programa que era dele e do José Alberto Carvalho e que eu nunca tinha visto antes. Tratei então de pesquisar na internet mais sobre ele e perdi-me nos imensos vídeos que existem no youtube. Assisti a palestras, a excertos dos programas, ao "Alta Definição", a vídeos pessoais. Não demorei muito a perceber que se tratava de alguém muito especial. Não por ter sido um doente de cancro e por esse doença lhe ter tirado a vida apesar de todos os combates que foi travando ao longo de 5 anos, mas pelo homem íntegro, inteligente, resiliente e inspirador que foi. E de repente, o Manuel entra na minha vida, 4 dias depois de ter abandonado a sua. Como ele próprio disse, ele provavelmente morreria da doença, mas nunca deixaria que a doença o matasse.
No seu livro ele diz para nunca nos distrairmos da vida. Não poderia concordar mais com isso e orgulho-me de todos os dias, uns mais do que outros, fazer alguma coisa que me torne mais feliz, ou pura e simplesmente parar para cheirar as rosas e apreciar as pequenas coisas que a vida me põe à frente do nariz.
"Há pessoas tristes, infelizes, há pessoas que não conseguem ver o lado bom da vida. (...) ok, estás numa situação difícil, mas essa situação difícil não te deve fazer distrair das pequeninas coisinhas que te rodeiam todos os dias e que te podem alimentar a energia que precisas para sair do buraco em que tu estás. Deixa de ter pena de ti próprio e está atento àquilo que a vida te pode dar. Eu acho que distraimo-nos muito, eu acho que somos um bocadinho consumidos e triturados pela carreira, por chegar ao topo, por acumular materialmente bens cuja maioria acabamos por nunca usar, estamos preocupados com a competição com os outros (...) e acho que as pessoas não valorizam todas as pequeninas coisas que nso rodeiam, está um dia de sol, absolutamente maravilhoso, numa cidade maravilhosa, há livros para ler, há amigos para conhecer, temos um rio maravilhoso com um calçadão de 15 km fantástico e acho que muitas vezes as pessoas desabituaram-se de procurar a sua felicidade"
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