Aqui fica a minha história, escrita pela magnífica Ana Penaaa, a minha alma gémea de Lisboa !Está espectaculaaar ! (29 de Setembro, 2005)
Era uma vez um homenzinho verde que se chamava Pedro. Acontece que esse homenzinho verde pertencia a uma aldeia onde todas as pessoas eram verdes porque descendiam das plantas e das flores. Todas as pessoas tinham comida farta e casa arrumadinha. O céu tinha sempre estrelas porque há noite não havia candeeiros que ofuscassem a Lua e as estrelas. E nessa aldeia o Sol aparecia quase todos os dias. Enfim, era uma aldeia feliz e próspera e os seus habitantes estavam gratos por descenderem das plantas pois isso trazia-lhes imensas vantagens. Por exemplo, quando havia mais falta de comida porque as colheitas não tinham sido boas, podiam sempre activar o seu sistema de emergência fotossintético e então iam para clareiras especiais na floresta apanhar sol por uns dias, até que passasse um pouco mais a crise. Esses dias na clareira até eram passados pelos habitantes com grande alegria pois aproveitavam o facto de todos os aldeões estarem juntos para fazerem uma festa – A Festa do Sistema de Emergência Fotossintético. Nesta festa era habitual aparecerem outros compinchas das aldeias próximas, especialmente no dia do baile e do leitão assado (ah, apesar da festa se dar em tempos de crise alimentar, havia sempre um leitão que era guardado para essa ocasião). Aliás, a vinda de outros compinchas das regiões vizinhas era até um dos objectivos da festa porque em geral estes camaradas traziam alimentos como forma de agradecimento pela festa.
Ora bem, numa destas festas do Sistema de Emergência Fotossintético, aconteceu uma coisa a Pedro que ele nunca mais esqueceria. A região topográfica onde se localizava esta aldeia não era plana, tinha uns quantos altos e baixos (como tudo na vida, não é assim?). De espaços a espaços apareciam uns montezitos e umas planuras a entremear estes alevantamentos de terra. Ora, havia um monte que era o mais alto de todos e que tinha uma lenda bem engraçada mas que atemorizava por demais os habitantes da aldeia. Contava-se que no cimo desse monte tinha vivido uma princesa solitária que nunca encontrou poiso, que é por assim dizer, nunca encontrou quem lhe esfregasse as costas. Ora essa princesa, diz-se, terá lançado um feitiço a quem subisse esse monte como vingança por nunca ninguém o ter subido para ir ter com ela e ver se ela precisava de alguma coisa. Ela lançou este feitiço de maneira que quem subisse alguma vez o monte nunca mais de lá poderia sair.Pois bem, aconteceu que Pedro já tinha ouvido falar dessa lenda mas nunca tinha visto o monte. Um dia, pela altura das festas na clareira, Pedro conheceu uma miúda que descendia também das plantas mais propriamente das pinhas e dos pinhões dos pinheiros e ela aliciou-o para subir com ela o monte e ele disse-lhe :
- Ouve lá tu não bates bem da pinha, pois não?
E lá foi com ela subir o monte. Quando lá chegaram acima o Pedro, como tinha estado no meio da Natureza 2 horas e meia a andar a pé com uma miúda, e ainda por cima ela cheirava a pinhões, pensou que estava apaixonado por ela. No entanto a verdadeira paixão de Pedro ainda estaria para ser revelada. É verdade, o mais espantoso ainda estaria para acontecer. Quando chegaram mesmo mesmo ao cume da montanha o Pedro tropeçou numa geringonça e caiu sem sentidos no meio do cascalho. A miúda assustou-se e entrou em pânico pensando que afinal a lenda estava certa e que Pedro já tinha batido a caçoleta, esticado o pernil! Desatou a correr aos pulos por aquelas encostas abaixo que nem um bezerro com falta de mama. Ora, como está narrado atrás, Pedro tinha apenas perdido os sentidos, e passado algum tempo acordou e disse : - Oh, Oh, Oh, mas que caranguejola foi esta que me entrevou?- E abaixou-se na posição de apanhar batatas em busca da tal de jigajoga que se tinha atravessado no caminho. Qual não foi o seu espanto quando deu de caras com uma argola de ferro de um alçapão, camuflada pelas folhas e pela terra. Não foi de modos, já que tinha chegado até ali e ainda continuava bem, achou que aquele alçapão seria uma descoberta única que encobria algo de precioso, talvez a resolução do mistério em torno do monte. Ao levantar o alçapão, Pedro viu algo que os seus olhos jamais poderiam ter imaginado ver, algo que nunca pensou poder existir. Algo de tão belo e fantástico que ele achou que devia ter batido com a cabeça quando caiu. Esfregou os olhos e viu. E então percebeu que não era mentira, aquilo estava mesmo ali e era mesmo verdade.Abaixo do alçapão ficava outro mundo, como se o monte estivesse completamente escavado por dentro e no seu interior existisse outra dimensão. Extraordinariamente e de uma maneira que nem eu consigo escrever porque nem eu consigo acreditar no que estou a escrever, existia uma Ilha dentro do monte, uma Ilha mesmo a sério. Era incrível a imensidão de espaço lá em baixo, quem visse o monte por fora nunca diria o que ele tem por dentro, Pedro pensou. Mas apesar disto ser um facto espantoso, não surpreendeu Pedro porque ele sabia bem que o Interior era o que albergava as coisas mais importantes e formidáveis, quer fosse nas plantas, nos animais, nos homenzinhos verdes, ou nas montanhas.O Mar era azul azul da cor do mar azul da Madeira e a porção de terra assemelhava-se a um pequeno seixo no meio de um lago. Do relevo da Ilha sobressaía uma elevação que se chamava Pico Castelo porque tinha um castelo um pouco em ruínas no topo. Ainda exista uma velha torre de pedra e porções de muro. O topo do Pico Castelo e as ruínas estavam praticamente na mesma direcção do orifício do alçapão, de maneira que bastou a Pedro, o homenzinho verde corajoso, pendurar-se no buraco do alçapão e dar um pequeno pulo para baixo, para rapidamente sentir o solo de Pico Castelo debaixo dos pés. E aí é que foi. Foi nesse mesmo momento que Pedro se apercebeu que qual quê, qual cheiro a pinhões e caminhada de 2h e meia com a miúda. A paixão da vida dele estava mesmo ali, debaixo dos seus pés e à sua volta. Era aquele monte, era aquele castelo, era aquele mar, era aquela Ilha. Pedro percebeu então que nada jamais poderia ser como dantes e que o seu lugar era ali, naquele mundo novo, era ali que ele pertencia de alma e coração. Sem hesitar deu apenas uma última olhadela para o céu fora do alçapão e mentalmente despediu-se do leitão assado que ficara por comer lá na festa da clareira, respirou fundo, esticou o braço e fechou o alçapão. De imediato aconteceu uma coisa lindíssima, o alçapão transformou-se em céu azul azul com o céu azul clarinho da Madeira e todo aquele espaço ficou livre e ficou um mundo mesmo como um mundo. Pedro suspirou para a sua nova casa, para o ar livre, para aquela paisagem belíssima, para o horizonte longínquo e tão belo, tão belo. Depois de um momento de reflexão a ouvir umas musiquinhas da Mafalda Veiga e da Norah Jones através do discman, o nosso herói decidiu conhecer melhor o castelo em especial a Torre. A Torre não tinha porta e aparentemente estava vazia no interior, no entanto mal Pedro a transpôs surgiu uma princesa jovem, da sua idade, que flutuava no ar e que trazia uma combinação cor-de-rosa aos folhos. Quando Pedro viu isto pensou : “Espera lá, temos aqui material do bom, é pena é flutuar e não poder ficar por baixo”mas logo aquelas ideias lhe desapareceram da cabeça quando a princesa começou a falar. A sua voz era bem grave e bem masculina que Pedro até se assustou e deu um pulo para trás. “Eh lá bicho bravo!” pensou.
- O que queres daqui? – perguntou-lhe a princesa –
Pedro não sabia o que responder e disse a tremelicar
– Eu…eu …eu tropecei num gingarelho e vim aqui parar e agora..não sei…eu….
– Não digas mais nada, vou deixar-te a sós com a princesa – proferiu a voz cavernosa.
E dito isto, Pedro e eu também que não estou a perceber nada da história, ficámos com um ponto de interrogação no pensamento. Então surgiu uma voz doce e calma que afinal é que era voz da princesa!
– Tem calma, aquele não era eu mas o meu guardião, que me vigiou todo este tempo até que surgisse alguém que me merecesse e merecesse esta Ilha. Tu foste o escolhido, disseste a palavra-passe e ele reconheceu-te.
- Palavra-passe? – perguntou sem compreender Pedro
- Sim, a palavra-passe, “gingarelho”.
Ahhh, agora Pedro percebia. Nisto a princesa explicou-lhe tudo.
- Eu sou a imagem de holograma da verdadeira princesa que viveu aqui sozinha há muitos anos. Nunca ninguém a procurou e ela nos últimos anos de vida decidiu inventar um feitiço para que apenas alguém suficientemente corajoso para subir esta montanha chegasse aqui acima. Como a princesa estava revoltada com a insensibilidade dos homens e a sua falta de amor para com os outros, arranjou a mentira do feitiço para que apenas alguém que estivesse disposto a enfrentar todas as ideias que as pessoas faziam sobre o monte, conseguisse subi-lo, e só alguém verdadeiramente merecedor, conseguisse conhecê-lo e ver a sua beleza. A ti foi-te entregue este paraíso, esta Ilha, porque tu não quiseste saber do que as pessoas pensavam e decidiste jogar-te à aventura mesmo sabendo o perigo que podias enfrentar. ( e Pedro pensou, “ eu queria era saber da miúda das pinhas, qual do perigo!”) Assim foi-te concedido o privilégio de conheceres estar Ilha e sentires esta Ilha de uma maneira que mais ninguém o faz.
E a princesa desapareceu como por magia! Pedro ficou pensativo naquelas palavras e depois chegou à conclusão que sim senhora, que era uma granda homem! Nisto caiu-lhe uma pedra das ruínas em cima da cabeça. Ouch! E o seu anjinho do Bem soou na sua cabeça :
“Pedro não caias na tentação de ser convencido, ai ai ai “
E Pedro assim fez e portou-se que nem um anjinho durante os muitos muitos anos em que viveu na Ilha. Fazia grandes caminhadas pela praia ao sabor da maresia. Num desses passeios pelos mar avistou no meio da areia algo a mover-se rapidamente – Será isto coisa do Demo ou que tataranho é aquele ali aos coices? – Sem mais demoras o corajoso rapaz de um só pulo aterrou na areia com os braços em gancho para agarrar o ser misterioso. Sentiu que tinha ficado com alguma coisa na mão e apesar do medo espreitou lá pa dentro e oh senhores! aquilo era uma trémula conchinha do mar com as lagrimitas nos olhos aos soluços, completamente aterrorizada daquele assalto tempestuoso. Não quero demorar-me nesta parte porque os mistérios de amor entre um homem e uma mulher não podem ser descritos por palavras.
Resumindo Pedro acabara de encontrar a sua alma-gémea. Depois do primeiro encontro aquilo é que foi, davam traulitadas por toda a Ilha! Assim, o homenzinho verde da nossa história procriou muito e deixou muitos filhotes. Ah, e inventou uma coisa muito importante para o mundo - uma marca de roupa especial para os Humanos do planeta Terra fazerem fotossíntese. A marca foi chamada de “Gingarelho” em homenagem à princesa e fez muito sucesso. E Pedro viveu feliz para sempre, certo de que tinha encontrado a sua cara-metade e também o amor da sua vida, a menina dos seus olhos, o seu porto seguro, o seu porto de abrigo e por isso deu o nome de “Porto Santo” à sua Ilha.
Conclusões:
A parte comovente:
- Há um monte que é o teu coração, e a Tua Ilha, Porto Santo, está lá dentro e mesmo que não estejas fisicamente na Ilha podes sempre abrir o alçapão do teu monte e visitá-la.
- As pessoas rejeitadas como a princesa criam muros à volta de si próprias mas o seu coração continua vivo e continua a ser um coração de pessoa que se comove se lhes dermos atenção e amor como todos gostamos de receber.
– Não deixes que uma simples menina com cheiro a pinhões suba ao teu monte e depois te abandone quando tu precisas. (a miúda fugiu quando Pedro perdeu os sentidos)
- Mesmo que algo não tenha porta e pareça vazio, entra. (caso da Torre)
A parte não comovente:
- Quando nos falta alguma coisa, podemos sempre accionar um plano de emergência como o Sistema de Emergência Fotossintético. É preciso é boa vontade e leitão assado.
- Quando encontras uma princesa de combinação rosa aos folhos toda jeitosa, esquece! É um holograma!
- Numa Ilha deserta, até uma concha serve para dar traulitadas!
A parte real:
(isto é o meu lado feminista, também tenho de deixar o meu marco no meio da historinha ;)
- Um Homem pode ser muito forte e muito corajoso, mas só faz a grande escalada da sua vida e usa todo o seu potencial, na presença de uma mulher, neste caso a miúda com origem lá nos pinheiros.(foi por causa dela que Pedro subiu o monte)
THE END
lolololololololololololololololololololololololololololololololololololololololololololololololol
Espero que te guste:P beijinhos***************
8 comentários:
muito lindo! :)
ve se aprendes alguma coisa oh roby*
Um beijo*
Adorei ler! Tá magnifico =))
A sério tens uma forma de escrever LINDA! Esta história tem de tudo...e tanto faz rir como comove (pelo menos a mim causou ambas as coisas). E sem dúvida que dá que pensar...tocas ali em pontos fundamentais da vida e da forma como as pessoas se comportam!
Devias pensar em um dia escrever livros, nem que fossem livros pa crianças. Axo que tens mesmo muito jeito pa escrever histórias.
Este tambem vou ter k re-ler. Adorei!
Hugzzz
Sorry...nem leio as coisas como deve ser e depois dá nisto. os elogios k faço acima dirijo-os agora á autora do texto =P
Ai ai..esta cabeça...
Hugzz
=) Lindo... A Pena quando quer até é uma jeitosa.. Tu.. Mesmo não querendo és =P
Olhóóóóó convencidooo
A Pena é fantástica ! Até os ET's a elogiam ! Carocha, o Roby está aprendendo... Com jeitinho vai lá !
Euuu ? Convencido ? NOT !
Pena! Tu tás lá!!! Sem duvida!!!
A minha parte favorita é sem duvida a frase: "A sua voz era bem grave e bem masculina que Pedro até se assustou e deu um pulo para trás. “Eh lá bicho bravo!” "!
Um gde beijão pá autora do texto que é gira e que faz fotosintese!:p
LOLOLOL! Eu não acredito que postaste isto!Oh my God, que tempo maluco, em que eu fiquei a fazer isto até ás tantas da manhã! Mas foi para uma pessoa que merece. Este texto não foi apenas da minha autoria, tb foi tua Pedro, pois sem ti não seria possível, oh meu ser inspirador:)
Pena, I loved it !
Ainda tenho de te dar o beijo como agradecimento ! Vem à Madeira !
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